Cheia do Rio Negro está a poucos centímetros de alcançar a cota da maior enchente já registrada na cidade, que ocorreu em 2012.
O fenômeno das cheias no Amazonas é comum, mas poucas vezes foi tão severo. Em Manaus, o nível do Rio Negro segue aumentando rapidamente e, nesta segunda-feira (24), atingiu 29,89 metros. Já é a segunda maior cheia da história desde o início dos registros, em 1902.
As ruas inundadas mudam a rotina das pessoas que moram e trabalham no Centro da capital do Amazonas. Se antes pisavam em asfalto, agora passam pelas águas.
É o caso dos soldadores Ricardo Sampaio e Joel Santos. Antes, eles seguiam a pé até o local de trabalho, mas agora dependem de canoas se não quiserem chegar encharcados no emprego. Eles aguardavam cerca de 30 minutos até a chegada da embarcação.
Algumas pessoas estacionam os carros no início da rua inundada para, a partir dali, pegar a canoa. O valor cobrado pelo canoeiro varia conforme a distância do trajeto.
Cheia no Amazonas
No Amazonas, 58 dos 62 municípios do estado já enfrentam problemas causados pela cheia dos rios, segundo informou a Defesa Civil. O total de pessoas afetadas em todo estado passa de 455 mil.
Em Manaus, o centro histórico registra vários pontos de alagamento. Além da Praça do Relógio, o prédio da Alfandega também foi atingido. A prefeitura decretou situação de emergência.
Por causa da interdição das ruas com a subida da água, cerca de 24 mil pessoas em 15 bairros sofrem com a cheia do rio Negro na capital. Muitos moradores são obrigados a abandonar suas residências, mas alguns resistem em deixar tudo para trás.
Os comerciantes da região central reclamam dos prejuízos, com a água invadindo os estabelecimentos. O local onde funcionava a principal e mais tradicional feira da capital, a Manaus Moderna, também foi inundado e os feirantes foram transferidos para uma balsa.
A Defesa Civil de Manaus já construiu o dobro de pontes de madeira que previa. Ao todo, 4 quilômetros de pontes já foram construídos e agora, a estimativa é que seja necessária a construção de 7 quilômetros de passarelas na capital. Em alguns bairros, os moradores só conseguem se locomover em canoas. As famílias que tiveram suas residências atingidas pela água improvisam casas em barcos e tentam salvar móveis da cheia em Manaus.
A cheia também traz à tona outros problemas da capital o artista plástico Jadr Reis fez uma instalação no Centro histórico de Manaus, usando luvas domésticas e isopor. O objetivo foi conscientizar as pessoas sobre o excesso de lixo, que fica evidente com a cheia dos rios no Amazonas.
Maiores cheias do Rio Negro
- 2012 – 29,97 m
- 2021 – 29,89 m
- 2009 – 29,77 m
- 1953 – 29,69 m
- 2015 – 29,66 m
- 1976 – 29,61 m
- 2014 – 29,50 m
- 1989 – 29,42 m
- 2019 – 29,42 m
- 1922 – 29,35 m
- 2013 – 29,33 m
FONTE: G1 AM