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Em aplicativo de troca de mensagens, blogueira e suspeitas de estelionato debocham de vítima com pouco dinheiro: ‘Não aguento mais pobre’

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Mariana Serrano, Gabriela Vieira, Rayane Sousa, Anna Carolinas e Yasmin Navarro — Foto: Reprodução

Captura de imagem que mostra conversa faz parte do inquérito policial e ajudou a embasar decisão da Justiça de decretar a prisão preventiva da quadrilha.

Aos poucos, os itens apreendidos pelos policiais da 40ª Delegacia de Polícia, em Honório Gurgel, começam a revelar como agia e se organizava a quadrilha composta pela blogueira Anna Carolina de Sousa Santos, a Carol, de 32 anos, e outras quatro integrantes. O grupo é suspeito de aplicar golpes para roubar dados de cartões de crédito das vítimas .

Em um dos prints que integra o inquérito policial, e que ajudou a embasar a decisão da Justiça de decretar a prisão preventiva de CarolYasmin Navarro, de 25 anos; Mariana Serrano de Oliveira, de 27; Rayane Silva Sousa, de 28; e Gabriela Silva Vieira, de 20 anos, elas debocham de uma das vítimas que tinha pouco dinheiro na conta.

No print, trocado em um grupo do WhatsApp intitulado Apto 302 — o mesmo em que elas foram presas em flagrante, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio —, elas trocam impressões sobre a vítima da vez e debocham quando encontram alguém com pouco dinheiro em conta.

Ao se deparar com uma mulher de 88 anos, que só tinha R$ 330 na conta, Yasmin Navarro repassa os dados da vítima no grupo e marca a amiga Carol.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Um número, que não é o de nenhuma das cinco mulheres, debocha da “sorte” da blogueira em se deparar com vítimas com pouco dinheiro em conta.

“Carol tá com azar”, diz.

No que Yasmin pergunta se já comprou passagens para uma determinada ação e debocha:

“Não aguento mais pobre.”

‘ Trampo de sexta só cai na segunda’
Print de uma conversa das supostas estelionatárias: 'Não aguento mais pobre' — Foto: Reprodução
Print de uma conversa das supostas estelionatárias: ‘Não aguento mais pobre’ — Foto: Reprodução

A troca de mensagens aconteceu em uma sexta-feira, que seria um dia de grande atuação da quadrilha, como mostra outro print.

Neste, a conversa começa com um lamento de Mariana Serrano de Oliveira, seguido pela concordância de Rayane, sobre ligar para números furados e inexistentes.

“Tá ruim para falar mesmo, muito número que não existe”, diz Mariana, que é paulista.

“Mesmo jeito que a de vocês, mas vambora”, anima a carioca Rayane.

Yasmin intervém na conversa e lembra de como as coisas devem ser feitas para que elas obtenham o dinheiro que desejam.

“Bora meninas, 15h. Tem que estourar de segundas. Dinheiro para o FDS [fim de semana]. Porque o trampo de sexta só cai na segunda”, alerta ela.

A mensagem vem acompanhada de novo deboche de Rayane sobre a possibilidade de ganhar o dinheiro das vítimas: “Chega me tremo”.

Print da conversa da conversa das supostas estelionatárias do Rio — Foto: Reprodução
Print da conversa da conversa das supostas estelionatárias do Rio — Foto: Reprodução

Quadrilha tinha mais de 10 mil dados de vítimas

A investigação policial apresentada na audiência de custódia de Anna Carolina de Sousa Santos, que se apresentava como influenciadora e empreendedora nas redes sociais, mostrou que ela e seu grupo tinha um elaborado material na hora de aplicar golpes e roubar dados de cartões de crédito das vítimas.

Ao menos foi isso que a polícia encontrou no apartamento do Recreio dos Bandeirantes, na quarta-feira (7), onde foram presas ainda YasminMarianaRayane e Gabriela.

Os agentes encontraram arquivos de Excel com mais de 10 mil dados de vítimas em poder do grupo. Um caderno com anotações indicava ainda um pagamento de R$ 416.516,30 para um homem e folhas com a logo do Banco do Brasil, que deveriam ser apresentadas pelo falso motoboy para ajudar a enganar as vítimas.

Golpe tinha central de telemarketing e script

Eles encontraram ainda uma espécie de “central de telemarketing” com uso de ferramenta de gravação eletrônica chamada URA, que é usada pelos bancos com mensagens pré-gravadas, e que direciona as ligações para atendentes. Tudo para dar mais veracidade ao golpe.

Além disso, os policiais acharam uma espécie de script, que deveria ser usado pelo grupo para que nada levantasse as suspeitas das vítimas.

No computador que era utilizado por Rayane Sousa, os policiais acharam o seguinte texto:

“Boa tarde, por gentileza … Sr (a) … Aqui quem fala é Gabriela Cardoso, sou do setor de segurança do Banco do Brasil … Tudo bem com o Sr(a)? O motivo do meu contato é referente a uma transação que se encontra irregular no nosso sistema. Foi uma compra realizada agora há pouco nas Lojas Americanas da cidade de São Paulo (…)”

Os agentes acrescentaram ao inquérito que, ao chegarem ao apartamento, Rayane e Anna Carolina estavam em ligações com as vítimas.

Eles afirmaram ainda que o atendimento passava por diversos falsos atendentes da quadrilha para dar maior credibilidade à ação.

Montagem de fotos de Anna Carolina (a primeira, sorrindo, em um barco em alto mar; a segunda, séria, na delegacia) — Foto: Reprodução/Redes sociais
Montagem de fotos de Anna Carolina (a primeira, sorrindo, em um barco em alto mar; a segunda, séria, na delegacia) — Foto: Reprodução/Redes sociais

Entenda como era dado o golpe

Na quarta-feira (7), policiais da da 40ª DP, de Honório Gurgel, prenderam Carol, Yasmin, Mariana, Rayane e Gabriela em um apartamento no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, por estelionato.

No local funcionava uma “central de telemarketing”, que servia para aplicar golpes em suas vítimas. Elas entravam em contato fingindo ser da administradora do cartão de crédito, diziam quem havia sido detectada uma fraude nas compras feitas no cartão, e que a vítima deveria passar alguns dados para resolver o problema. Elas ainda mandavam um suposto motoboy até a casa da pessoa para pegar o cartão.

Com todos os dados e o cartão das vítimas em mãos, elas faziam compras, saques em contas bancárias, Pix e até empréstimos.

Defesa nega envolvimento de duas meninas

A defesa de Mariana Serrano de Oliveira e Gabriela Silva Vieira negou envolvimento delas na quadrilha.

Segundo o advogado Norley Thomas Lauand, que representa as duas, elas são universitárias, moram em São Paulo e estavam hospedadas no apartamento, que pertencem a Yasmin Navarro.

“Elas estavam com passagem comprada para voltar hoje (sexta-feira) para São Paulo. Não têm nada a ver com isso. As famílias estão desesperadas”, disse Lauand.

A defesa de Anna Carolina de Sousa Santos também se manifestou dizendo que repudia veementemente as acusações.

“Ao longo do instrução criminal, sua inocência será provada. A mesma possui ocupação lícita, residência fixa e bons antecedentes, razão pela qual será impetrado o recurso cabível para sua soltura”, disse o advogado Daniel Sad, que representa a blogueira.

Anna Carolina sorri em foto publicada em rede social  — Foto: Reprodução/Redes sociais
Anna Carolina sorri em foto publicada em rede social — Foto: Reprodução/Redes sociais

Anna Carolina posa em piscina  — Foto: Reprodução/Redes sociais
Anna Carolina posa em piscina — Foto: Reprodução/Redes sociais

Anna Carolina em foto publicada nas redes sociais  — Foto: Reprodução/Redes sociais
Anna Carolina em foto publicada nas redes sociais — Foto: Reprodução/Redes

FONTE: Por Eliane Santos, G1 Rio

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