Em seu momento de maior fragilidade no governo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse na quarta-feira (21) que fará uma reforma ministerial na próxima semana. O presidente pretende se aproximar ainda mais do centrão e estuda entregar a Casa Civil de seu governo ao presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que é um dos principais líderes do bloco de partidos que sustenta a base de apoio a Bolsonaro no Congresso.
“Estamos trabalhando, inclusive, uma pequena mudança ministerial, que deve ocorrer na segunda-feira, para ser mais preciso, para a gente continuar aqui administrando o Brasil”, disse Bolsonaro em entrevista à rádio Jovem Pan de Itapetininga, também transmitida por suas redes sociais.
De acordo com um auxiliar do presidente, outras peças do governo podem ser mexidas. Segundo este assessor, o presidente está decidido a fazer mudanças no primeiro escalão, mas o momento ainda não está decidido.
Uma possibilidade é antecipar a saída de nomes que vão disputar as eleições do ano que vem e que, por isso, teriam que deixar seus postos até o início de abril de 2022 por força da legislação.
A possível troca na Casa Civil também contempla a insatisfação no Congresso com o atual ministro, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos. Amigo de Bolsonaro que ganhou força ao coordenar a última dança das cadeiras no governo, em março, Ramos vinha sendo alvo de queixas de parlamentares, inclusive do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), correligionário e muito próximo a Ciro.
Bolsonaro sabe que precisa melhorar sua articulação politica, especialmente no Senado, onde a CPI da Covid avança sobre o governo e onde duas significativas indicações do Palácio do Planalto – a do atual advogado-geral da União, André Mendonça, ao STF (Supremo Tribunal Federal) e a da recondução de Augusto Aras ao comando da PGR (Procuradoria-Geral da República).
Além disso, há no Planalto o temor de que Ciro Nogueira se distancie do governo. Ele já vem aparecendo cada vez menos em defesa de Bolsonaro na CPI da Covid e, na semana passada, não escondia sua insatisfação com a liberação de recursos para o governo de Wellington Dias no Piauí, seu adversário político.
FONTE: Por Daniel Carvalho, da Folhapress/AMAZONAS ATUAL