Intérprete do personagem Cabeção em ‘Malhação’ gravou um vídeo negando que estivesse em clínica de reabilitação interditada, mas a versão dele, no entanto, conflitou com a da Polícia Civil e ele admitiu que mentiu nesta sexta.
O ator Sérgio Hondjakoff, conhecido por fazer o personagem Cabeção em “Malhação”, da TV Globo, disse nesta sexta-feira (6) que mentiu no vídeo no qual disse que não estava em uma clínica para dependentes químicos em Pindamonhangaba (SP). Ele foi resgatado do local na quinta (5), junto com outros 45 pacientes, após denúncias de maus tratos e cárcere privado.
“Bom dia! É com muita vergonha que eu venho através desse áudio pedir desculpas às pessoas que gostam de mim e as que não gostam, enfim, as pessoas em geral. Quero pedir desculpas por ter gravado um vídeo ontem mentindo sobre a minha internação. Fui internado porque foi preciso e menti para preservar minha família e, principalmente, o meu filho que só tem um aninho de idade. Tudo o que está nas redes da internet fica lá para sempre e menti porque não queria que o meu filho tomasse conhecimento um dia desse fato depois de ele ter nascido. Peço que entendam a minha situação e que me perdoem. Beijão no coração e que Deus abençoe todos. Até breve, Serginho Hondjakoff”, disse em audio enviado à imprensa.
Apesar de publicar em uma rede social um vídeo em que dizia estar em Resende (RJ) ao lado da mãe e negava que estivesse na clínica, o nome dele aparece no boletim de ocorrência do caso.
Segundo o documento, ele esteve na delegacia de Pindamonhangaba entre as pessoas que passavam por cárcere privado e que foram resgatadas pela polícia. Uma fã também tirou uma foto enquanto ele estava na delegacia e relatou que ele foi receptivo ao ser abordado.
O registro foi feito por Rafaela de Paula, que contou ter visto o ator chegar na delegacia e o abordou para conversar. “Eu estava em frente e aí o reconheci e fui conversar com ele. Me disse que estava na clínica, mas tinha dado problema lá e estava esperando a mãe vir de Resende para buscar”, afirmou.
O G1 apurou que ele estava internado no local há três meses.
Cárcere privado
O ator de 37 anos foi levado para a delegacia após uma ação da Polícia Civil e do Ministério Público que interditou uma clínica de reabilitação na cidade nesta quarta (4). Segundo o MP, o espaço mantinha os pacientes em tratamento contra dependência química em cárcere privado, trancados em quartos e sem acesso às chaves.
Os pacientes informaram ainda que tinham ligações com os familiares controladas e monitoradas pelos donos do local. Dois funcionários foram presos.
Entenda o que se sabe e o que falta saber:
Como o ator estava?
Até o momento, a Polícia Civil não deu detalhes sobre como o ator foi encontrado. A informação confirmada pela polícia é que ele era um dos 46 internos do local que foram encontrados em situação de cárcere privado na clínica para recuperação de dependentes químicos.
À polícia, os pacientes contaram que eram obrigados a assinar termos em que diziam estar no local por vontade própria. Eles disseram também que tinham as ligações com a família restritas e monitoradas pelos responsáveis do estabelecimento.
Como ocorreu a operação?
Equipes do MP, polícia e assistentes sociais da prefeitura estiveram na clínica na quarta-feira.
A polícia informou que encontrou no espaço medicamentos que exigem prescrição médica, mas que os funcionários não tinham receita; e que os internos contaram que tiveram de pagar uma taxa à clínica para serem vacinados contra a Covid-19 mesmo a imunização sendo garantida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O local foi fechado.
Por que a clínica foi investigada?
A clínica era investigada pelo MP por manter internos de forma compulsória e sob maus-tratos. Eles tinham assinado um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com a promotoria no qual se comprometiam a regularizar o funcionamento. De acordo com o órgão, as denúncias continuaram e foi pedido à Justiça um mando de busca e apreensão para o local.
Alguém foi preso?
Dois funcionários foram presos. Segundo a polícia, os donos vão responder por sequestro.
O que aconteceu com as outras pessoas que estavam sob cárcere privado?
Dos internos, parte tinha transtornos psiquiátricos e precisou ser acolhida em instituições especializadas. Outros nove foram encaminhados a outra clínica para o tratamento de desintoxicação de uso de drogas e outros foram entregues às famílias.
FONTE: G1 AM