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Ribeirinhos realizam sonho de se formar em engenharia após internet chegar a comunidade no AM

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Estudantes da comunidade Tumbira, a 64 quilômetros de Manaus — Foto: Luis Paulo Dutra/g1 AM

O grupo formado por quatro estudantes na comunidade do Tumbira, a 64 quilômetros de Manaus, se matriculou no curso de Engenharia Florestal, com o objetivo de levar ideias inovadoras para quem mora e vive dos produtos da região.

Ao som da floresta e com vista para o Rio Negro, todos os dias o estudante Giovani Garrido, de 23 anos, liga o computador e inicia uma rotina de estudos online. Ele faz parte de um grupo de estudantes da comunidade ribeirinha Tumbira, a 64 km de Manaus, que durante a pandemia ingressou em uma universidade à distância.

O caminho para sair da comunidade não é fácil. O acesso ao local acontece somente por meio fluvial. Fazer uma faculdade de forma presencial na capital custaria cerca de quatro horas de viagem de lancha todos os dias.

Comunidade do Tumbira fica a 64 quilômetros da capital e conta somente com acesso por meio fluvial — Foto: Luis Paulo Dutra/g1 am
Comunidade do Tumbira fica a 64 quilômetros da capital e conta somente com acesso por meio fluvial — Foto: Luis Paulo Dutra/g1 am

Por isso, além do isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19 nos últimos dois anos, estudar a distância foi uma alternativa para um problema já presente há muito tempo na comunidade: o isolamento geográfico.

A comunidade do Tumbira fica dentro de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável que recebe atividades da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), dentre elas, a instalação de antenas de internet que facilitam essa ligação entre a comunidade e o mundo.

Giovani Garrido conta que a iniciativa de ingressar no curso superior veio dele, que já participou de diversos cursos promovidos pela FAS e pelo Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (Inpa), todos voltados à preservação da fauna e flora local.

“Depois de me matricular eu comentei aqui na comunidade e nós formamos um grupo de quatro alunos. Por conta da dificuldade em meio à pandemia, estudar online agilizou bastante nosso processo de aprendizado, porque imagine, se fosse presencial, como eu faria para chegar até lá?”, disse.

E os benefícios da profissionalização desses alunos terão impactos na própria comunidade. O grupo se matriculou no curso de Engenharia Florestal, com o objetivo de levar ideias inovadoras para quem mora e vive dos produtos da região. Um reflexo do investimento realizado pela ONG que deve render mais frutos com o passar dos anos.

“A nossa formação pode ajudar bastante aqui na comunidade. Eu já trabalho em parceria com o Inpa, nas questões do meio ambiente que podem ajudar bastante a lidar com esse meio sustentável nas unidades de conservação em que nós mesmo habitamos, além de facilitar o conhecimento. Pela pessoa morar aqui, ela não tem muito esse conhecimento de comunidade ribeirinha, reserva e tudo mais, então, com a faculdade, a gente vai entendendo muito mais sobre essa questão”, disse Giovani.

Regionalidade no ensino

E no que se refere a educação, o projeto da FAS leva um ensino personalizado e de acordo com a realidade dos ribeirinhos desde os primeiros anos de escola. Para aprender o alfabeto, por exemplo, cada letra ensinada tem como referência um item da região.

A letra A é de açaí, X é de Xingú e Y de Yanomami, com a proposta de levar um material que tenha identidade e regionalidade.

Alfabeto ensinado a crianças da comunidade contam com referências regionais.  — Foto: Luis Paulo Dutra/g1 AM
Alfabeto ensinado a crianças da comunidade contam com referências regionais. — Foto: Luis Paulo Dutra/g1 AM

Na comunidade do Tumbrira, as salas de aulas foram construídas após uma assembleia com moradores da região. Elas contam até com alojamento para aqueles que precisam se hospedar na comunidade durante o período de aulas.

Dentro de sala, estudantes do Ensino Fundamental e Médio contam com ensino regular, com professores da região e aulas que também incentivam a leitura e informática.

Sala de informática construída na comunidade. — Foto: Luis Paulo Dutra/g1 AM
Sala de informática construída na comunidade. — Foto: Luis Paulo Dutra/g1 AM

A superintendente de desenvolvimento sustentável da FAS, Valcléia Solidade, explica que as medidas adotadas na comunidade fazem com que a preservação e identidade do povo que ali vive sejam perpetuadas ao longo dos anos.

“A internet como ferramenta tem possibilitado que vários jovens tenham acesso a faculdade à distancia. No caso da comunidade do Tumbiras nós temos também a questão do ensino para os níveis fundamentais e médio, que voltaram de forma presencial e é importante para que esses jovens sejam a continuidade de suas comunidades. Então ver uma pessoas com a oportunidade de concluírem a graduação, seja qual for a área, faz toda a diferença. A gente acredita que a educação é a única coisa que faz com que o ser humano chegue onde ele quiser. Uma comunidade sem educação é uma comunidade sem futuro”, finaliza Valcicléia.

FONTE: Por G1 AM

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