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Zumbis, laser tag e confusão: o que acontece dentro do mundo virtual da Meta

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Meta lançou sua primeira plataforma do metaverso, chamada Horizon Worlds Divulgação/Meta

Aplicativo é gratuito, mas os fones de ouvido necessários para usá-lo custam US$ 299 ou US$ 399 (cerca de R$ 1.720 ou R$ 2.295, respectivamente)

Em uma tarde gelada de dezembro, joguei uma partida emocionante de laser tag, voei pela cidade em uma vassoura mágica, matei zumbis em um shopping abandonado e saí com uma velha amiga que mora a mais de 3.500 quilômetros de distância – tudo sem deixar a minha casa ou, na verdade, nem sequer a minha sala de estar.

São coisas possíveis de fazer no Horizon Worlds, o novo aplicativo de realidade virtual social da Meta, a empresa anteriormente conhecida como Facebook. Lançado nos Estados Unidos e Canadá no início deste mês, o aplicativo inclui uma série de “mundos” de VR que você pode visitar e incentiva os usuários a construir seus próprios mundos para qualquer um explorar.

Depois de passar dias em Horizon Worlds, nota-se que, obviamente, o universo que Meta imagina já tem algumas peças polidas, mas ainda é muito rudimentar nas bordas – e certamente não é o tipo de mundo virtual totalmente desenvolvido e extenso criado quando os executivos da Meta falam sobre o assim chamado “metaverso”.

No Horizon Worlds, os usuários habitam avatares flutuantes personalizáveis e sem pernas (o meu avatar parece uma versão minha de desenho animado com o cabelo bom) que alguns podem achar assustadores ou desagradáveis. As expressões faciais também não correspondem necessariamente ao que a pessoa por trás do avatar está sentindo. Por exemplo, percebi que é fácil fazê-lo parecer animado, mas quase impossível fazê-lo parecer triste.

Os controles manuais podem ficar instáveis e ter falhas – principalmente se o seu “eu virtual” estiver perto de qualquer objeto de realidade virtual que possa ser pego. Também pode ser difícil encontrar coisas divertidas para fazer no Horizon Worlds e, francamente, os mundos que já existem muitas vezes parecem mais legais do que de fato são.

Rachel Metz, do CNN Business, experimentou o aplicativo social recém-lançado da Meta, Horizon Worlds / Divulgação/Meta

Conforme mais pessoas povoarem a RV, sem dúvida haverá preocupações com alguns dos problemas que já temos na internet em ambientes virtuais. Uma testadora da versão beta do Horizon Worlds teria supostamente postado no grupo oficial do aplicativo no Facebook no início de dezembro que um estranho a apalpou dentro do aplicativo. Quando questionado sobre esse incidente, um executivo da Meta disse ao site de tecnologia The Verge que a pessoa não havia usado os vários recursos de segurança do aplicativo, como a capacidade de bloquear outro usuário.

Em minhas experiências, o assédio não foi um problema, mas há muito tempo ele é um problema em VR em geral, e não é tão fácil bloquear ou denunciar outros usuários (principalmente se você não tiver habilidade para usar os controles Quest). Uma questão diferente tornou-se mais imediatamente óbvia: parecia haver vários usuários menores de idade (o aplicativo está disponível para qualquer pessoa com 18 anos ou mais), incluindo um que ouvi dizendo a outro usuário em um sábado à noite que “minha mãe está me dizendo que eu tenho que ir para a cama”.

Há muito em jogo para a Meta e, sem dúvida, para qualquer pessoa que opte por usar a RV. O mercado de realidade virtual ainda é pequeno. O instituto de pesquisa de mercado de tecnologia IDC calcula em 8 milhões os fones de ouvido  de VR enviados neste ano e 14 milhões no ano que vem. Mas o mercado continua crescendo e a Meta está na vanguarda. O sucesso (ou fracasso) do Horizon Worlds provavelmente afetará as experiências dos usuários em diferentes aplicativos de VR nos próximos anos.

Na praça

A primeira coisa que você vê ao abrir o Horizon Worlds é um menu que inclui três opções de atividades, sob as perguntas: você quer jogar, sair ou participar de um evento? Infelizmente, quando eu estava testando o aplicativo em meados de dezembro, não havia muitos eventos acontecendo ali. Em vez disso, passei parte do meu tempo na Plaza – um espaço ou praça de encontro geral dentro do Horizon Worlds – e explorando mundos diferentes, tanto sozinha quanto com uma amiga da vida real que se juntou a mim na VR.

O aplicativo permite interagir com outros usuários / Divulgação/Meta

A Plaza foi projetada de forma inteligente, especialmente se você for novo na VR. Seu avatar se materializa em uma plataforma a partir da qual você pode ver os avatares de outras pessoas que possam estar lá naquele momento. Existem algumas opções de atividades simples, como lançar aviões de papel e bumerangues contra alvos, e isso ajuda os usuários a ter uma noção de como os controles funcionam. Também é um bom lugar para encontrar uma pessoa ao vivo (a Meta os chama de “guias da comunidade” e seus avatares têm um rótulo claro acima de suas cabeças) que pode ajudá-lo se você tiver dúvidas ou precisar de ajuda.

Diversão com laser tag

A Plaza é um lugar agradável para se orientar. No final do ano, ela foi decorada com peças festivas que variavam de um alegre boneco de neve à música incessante em estilo Jingle-Bells. Mas, depois de cerca de 15 minutos ou mais, eu estava mais do que pronta para seguir em frente.

Para onde ir? Um toque em um dos meus controles portáteis abriu o menu que inclui tudo, de uma câmera virtual a ferramentas para relatar usuários que estão se comportando de maneira inadequada e a capacidade de navegar em mundos diferentes. O menu também apresenta sugestões para mundos dentro do Horizon Worlds, alguns construídos pela Meta, outros pelos usuários.

Um mundo que a Meta construiu e tem promovido é a Arena Clash, um jogo multiplayer de laser tag. Eu entrei lá sozinha e fiquei aliviada quando um colega usuário com um pino em forma de estrela e óculos de aro de metal preto imediatamente me deu as boas-vindas e me convidou para entrar na equipe. Embora eu use fones de ouvido de VR há anos, ainda tenho vergonha de abordar estranhos em lugares virtuais. Jogamos várias rodadas de laser tag de três contra três que ficaram tão estridentes que meu marido entrou na sala, na vida real, para me pedir para parar de gritar. Pedi desculpas, mas, na boa, eu estava trabalhando.

Por enquanto, pelo menos, a Arena Clash traz o Horizon Worlds no seu melhor: é visualmente bem pensada, fácil de navegar e, o mais importante, divertida. É o tipo de ambiente virtual que você pode imaginar visitar indefinidamente e, na verdade, que visitei várias vezes ao longo de uma semana.

E agora?

Embora tenha sido fácil encontrar (e aproveitar) a Arena Clash, tive mais dificuldade para descobrir outros mundos atraentes. O Horizon Worlds tem algumas sugestões – uma combinação de mundos que promove e aqueles direcionados aos usuários com base em fatores como mundos dos quais você “gostou” – mas não fez um bom trabalho em destacar os bons. Também é difícil pesquisar quando você não sabe exatamente o que está procurando.

Rachel Metz, do CNN Business, testando o aplicativo de realidade virtual recém-lançado da Meta, Horizon Worlds, com sua amiga de vida real Signe Brewster / Divulgação/Meta

Um mundo chamado Retro Zombies parecia promissor. Dá para atirar em zumbis no que parece ser um shopping vazio. Mas os gráficos (incluindo os zumbis) eram rudimentares e, depois de alguns minutos atirando, tudo deixou de ser emocionante.

No fim, percebi que todos os mundos que os usuários publicaram são visíveis em seus perfis (e você pode ver os detalhes de quem fez um mundo antes de visitá-lo). Encontrei o nome de usuário do próprio Horizon Worlds (Horizon_Worlds) e verifiquei sua lista. Isso me mostrou vários mundos novos e interessantes, incluindo A Casa Assombrada dos Horrores do Horizon (Horizon’s Haunted House of Horrors), completa com fantasmas saindo das paredes, pinturas animadas assustadoras penduradas nos corredores e um laboratório de Frankenstein para você montar o seu próprio.

Não consigo te ver

Além da luta para achar algo divertido para fazer, também tive dificuldade em encontrar minha amiga da vida real no Horizon Worlds.

Uma tarde, fui até a Plaza procurando minha amiga Signe Brewster, redatora sênior do site de análise de produtos The Wirecutter. Na vida real, ela mora do outro lado do país, então conversamos por VR várias vezes. Eu cheguei, através do meu avatar, e olhei em volta. Não consegui encontrá-la em lugar nenhum. Signe teve uma experiência igualmente desconcertante em outro lugar do espaço digital.

Logo percebemos que, embora estivéssemos as duas na Plaza, não usávamos a mesma versão do ambiente. O Horizon Worlds limita a capacidade a 20 pessoas por mundo antes de colocar automaticamente os usuários em outra réplica desse mundo; talvez houvesse gente demais na praça em que uma de nós havia entrado.

Por fim, avistei um portal na Plaza para um mundo com neve chamado Caverna do Papai Noel e fui até lá para encontrar Signe. Ela chegou logo depois que eu falei com um usuário contando que sua mãe disse que não havia problema em usar o aplicativo. Viajamos pelas rampas geladas do mundo, conversando sobre coisas da vida real, como a velocidade de crescimento de nossos filhos e quais presentes de Natal são melhores para crianças pequenas. Usamos picaretas virtuais para acertar pedaços de algo que poderiam ser cubos de gelo ou pedras. Nos divertimos muito, mas não encontramos o Papai Noel.

Até que desistimos e fomos para a Arena Clash jogar laser tag. Foi um momento divertido. Mas, para me fazer voltar, o Horizon Worlds precisa de mais mundos como este – e a Meta terá que convencer muito mais dos meus amigos a usar os fones de ouvido.

FONTE: Por CNN

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