Um dos alvos do grupo que planejava matar e sequestrar autoridades, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya investiga o PCC, facção que atua dentro e fora dos presídios brasileiros e internacionalmente, desde o começo dos anos 2000.
Ele vive há mais de dez anos sob escolta policial 24 horas por dia por causa das ameaças de morte recorrentes que recebe.
“Você tem uma restrição na sua vida pessoal. Você, praticamente, não tem vida social mais. Porque a escolta é fortemente armada. Acaba constrangendo as pessoas. E também há risco em locais abertos. Então tudo isso a gente evita. Mas isso não é só comigo. Várias pessoas, várias autoridades do estado estão na mesma situação'”, disse ele entrevista ao g1 em fevereiro de 2019.
O promotor faz parte do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo) de Presidente Prudente, no interior do estado.
Em 2019, quando Moro era ministro de Segurança Pública, governos federal e de São Paulo transferiram Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e mais 21 integrantes do PCC para penitenciárias de segurança máxima.
À época, a operação foi realizada depois que o Ministério Público descobriu um plano da facção para resgatar os principais líderes que estão presos na penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior do estado. O promotor foi autor do pedido de transferência.
Em julho daquele mesmo ano, durante revista em uma das celas da penitenciária 2 de Presidente Venceslau, foram encontradas cartas com ordens explícitas de ataques contra agentes públicos, em retaliação à transferência dos criminosos. O promotor também era um dos alvos.
Ao blog da Julia Duailibi, o promotor disse nesta quarta (22) não ter ficado surpreso, pois convive com tais ameaças há mais de quatro anos.
“Não é surpresa para mim. Convivo com isso há mais de quatro anos. Desde que fiz a remoção (de Marcola, líder da facção, para o presídio federal), minha vida virou de cabeça para baixo. Quase mensalmente tem um plano para me matar”, afirma o promotor.
De acordo com Gakiya, o plano para matar o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro foi identificado por meio de um depoimento colhido de uma testemunha em investigações no final de janeiro.
A ação foi articulada por uma espécie de “departamento de homicídios” da facção criminosa, que usava um codinome para se referir a Moro – que, segundo investigadores, era “Tóquio”.
Segundo a PF, a ação desta quarta ocorre em Rondônia, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Os policiais informaram que os suspeitos pretendiam “realizar ataques contra servidores públicos e autoridades, incluindo homicídios e extorsão mediante sequestro”.
Os policiais identificaram ainda que os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea. Os principais investigados, segundo a PF, foram encontrados em São Paulo e no Paraná.
FONTE: Por G1