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Município do AM onde indígenas eram aliciados para tráfico humano sofre com vulnerabilidade e alcoolismo

Cidade fica no extremo Noroeste do Amazonas e concentra a maior população indígena do país. Imagens obtidas pelo g1 confirmam a situação crítica vivida pelos indígenas.

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Crianças e jovens indígenas eram aliciados por uma organização criminosa de tráfico humano em São Gabriel da Cachoeira, no AM. — Foto: Divulgação/CMA

O município de São Gabriel da Cachoeira, onde crianças e jovens indígenas eram aliciados por uma organização criminosa de tráfico humano, sofre com a vulnerabilidade social e o consumo descontrolado de bebidas alcoólicas. A cidade fica no extremo Noroeste do Amazonas e concentra a maior população indígena do país.

Segundo as investigações, os suspeitos, de origem turca, iam até uma comunidade rural do município para aliciar famílias em situação de vulnerabilidade social a autorizarem o envio de seus filhos para estudarem na Turquia. De São Gabriel, os jovens eram transportados para Manaus, onde começavam a ser doutrinados na religião islâmica e viviam em situação de servidão. Em seguida, eles eram levados para São Paulo e enviados para o país mulçumano.

À Rede Amazônica, o superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Umberto Ramos, afirmou que os jovens eram obrigados a aprender sobre a religião islâmica e a professar a fé naquela crença.

“Os jovens, quando pisavam em Manaus, eram levados para a sede dessa associação, onde tinham obrigações diárias, que começavam 5h com as obrigações de ritos religiosos. Esses ritos, inclusive, eram totalmente diferentes das crenças religiosas deles. Depois eles eram obrigados a fazer manutenção do abrigo, como a limpeza do ambiente, faziam as refeições e, ao final do dia, também tinha mais obrigações religiosas”, contou.

Rede Amazônica teve acesso a um relatório do Conselho Tutelar do município, no qual os conselheiros apontam que a cultura do consumo desenfreado de bebidas alcoólicas afeta até mesmo crianças.

Imagens obtidas pelo g1 confirmam a situação crítica vivida pelos indígenas. Em alguns dos registros, muitos aparecem caídos pelas ruas ou dentro de casas, totalmente embriagados. Em uma das mais imagens fortes, uma mãe aparece bêbada, caída em uma sarjeta, ao lado do filho pequeno.

Em uma das mais imagens fortes, uma mãe aparece bêbada, caída em uma sarjeta, ao lado do filho pequeno, em São Gabriel da Cachoeira, no AM.  — Foto: Divulgação/CMA
Em uma das mais imagens fortes, uma mãe aparece bêbada, caída em uma sarjeta, ao lado do filho pequeno, em São Gabriel da Cachoeira, no AM. — Foto: Divulgação/CMA

“Muitos problemas existentes vêm dessa grave situação descontrolada de bebidas alcoólicas, principalmente em Iauaretê, onde vemos muito fortemente esse consumo de álcool por parte de adultos (homens e mulheres, sem distinção), de jovens e, infelizmente, por parte de crianças de 10 e 11 anos de idade”.

O problema agrava ainda mais a situação de insegurança nas comunidades, principalmente no Distrito de Iauaretê. Segundo os conselheiros tutelares, as festas na comunidade, regadas ao álcool, terminam com homicídios e até mesmo casos de suicídios.

Festas na comunidade, regadas ao álcool, terminam com homicídios e até mesmo casos de suicídios, em São Gabriel da Cachoeira, no AM. — Foto: Divulgação/CMA
Festas na comunidade, regadas ao álcool, terminam com homicídios e até mesmo casos de suicídios, em São Gabriel da Cachoeira, no AM. — Foto: Divulgação/CMA

“Os finais de semana começam para muitos na sexta-feira pela manhã e terminam na terça-feira pela noite, quando a maioria se recupera da ressaca. Durante os fins de semana com festas nas comunidades, há homicídios entre os jovens, suicídios e até mesmo violência contra meninas, esfaqueamento, entre outros crimes. E tudo isso, muitas vezes, fica por isso mesmo”, disseram os conselheiros.

Os conselheiros também apontam no documento que os maiores impactos pelo problema são as crianças que, inclusive, foram os alvos da organização criminosa de tráfico humano.

“Nos finais de semana e durante as outras festas, muitas vezes, as crianças ficam até tarde da noite [nas ruas]. Elas são os sujeitos que mais sentem o sofrimento dessa situação de instabilidade social, da falta de segurança, e do perigo até dentro das próprias casas”.

Conselheiros Tutelares também apontam no documento que os maiores impactos pelo problema são as crianças que, inclusive, foram os alvos da organização criminosa de tráfico humano, no AM.  — Foto: Divulgação/CMA
Conselheiros Tutelares também apontam no documento que os maiores impactos pelo problema são as crianças que, inclusive, foram os alvos da organização criminosa de tráfico humano, no AM. — Foto: Divulgação/CMA

FONTE: Por G1 AM

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