A estudante da USP Alicia Dudy Muller, apontada pela Polícia Civil como responsável por desviar quase R$ 1 milhão dos fundos arrecadados para custear a festa de formatura de uma turma de medicina, está sendo julgada nesta terça-feira (31).
A audiência de instrução começou às 13h40, na 7ª Vara no Fórum Criminal da Barra Funda, e está sendo presidida pelo juiz Paulo Eduardo Balbone Costa.
Segundo o Tribunal de Justiça, estão previstas as oitivas de cinco vítimas, duas testemunhas de acusação e duas de defesa, além do interrogatório da ré. Não há previsão de horário de término.
A jovem era alvo de dois inquéritos policiais em segredo de Justiça. Um correu pelo 16° DP, que investigou o crime de apropriação indébita, relativo ao dinheiro da formatura.
Já a Delegacia Especializada em Investigações Criminais (DEIC) de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, apurou os crimes de estelionato e lavagem de dinheiro contra uma lotérica, cometidos em 2022.
Ela virou ré pelos desvios depois que o Ministério Público denunciou a estudante oito vezes por estelionato e uma por estelionato tentado.
Na fase de investigação, a polícia apontou que o dinheiro usado pela estudante em apostas não pagas na lotérica da Zona Sul de São Paulo pode ter sido desviado da festa de formatura de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
- Em abril de 2022, a suspeita fez quase R$ 20 mil em apostas na Lotofácil, todas pagas via PIX;
- Depois disso, passou a fazer várias apostas em grandes valores;
- No total, ela teria apostado R$ 461 mil;
- Em julho de 2022, a estudante teria solicitado R$ 891,5 mil em apostas;
- Após a operadora de caixa registrar R$ 193,8 mil em apostas, a gerente da lotérica questionou sobre o pagamento, e a suspeita disse que tinha realizado um agendamento da transferência;
- A estudante fez uma movimentação muito inferior, de R$ 891,53, na tentativa de fazer com que os funcionários da lotérica pensassem que seria o valor total de R$ 891,5 mil;
- Após breve discussão, a suspeita saiu da lotérica com cinco apostas de R$ 38,7 mil cada uma.
De acordo com a comissão de formatura:
- A suspeita afirmou, por meio de mensagens no WhatsApp, que transferiu a quantia para uma conta pessoal;
- Ela alega ter aplicado R$ 800 mil em uma corretora de investimentos chamada, que a teria enganado e ficado com o dinheiro;
- A quantia restante teria sido utilizada para pagar advogados na tentativa de recuperar o valor
- A Comissão só percebeu o desvio no dia 6 de janeiro deste ano. Uma das vítimas registrou a ocorrência.
No início de fevereiro, a Justiça não aceitou o pedido de prisão preventiva feito pela polícia contra a estudante. A decisão concordou com o posicionamento do Ministério Público, que entendeu que o caso se tratava de crimes de estelionato, não de apropriação indébita, como ela havia sido indiciada, e pediu que fosse feita uma lista com o prejuízo individual dos alunos. Cada vítima teve de mostrar interesse em representar pelo crime.
- Na apropriação indébita, uma pessoa recebe da vítima a posse de um bem de forma legal, se apropriando dele mais tarde de forma irregular.
- No estelionato, a má-fé acontece antes da posse do bem e força a vítima a um engano.
Segundo apurado pelo g1, o Instituto de Criminalística analisou ao menos dois celulares, um smartwatch, cartões bancários e HD externo. Sobre um tablet, a investigação sugeriu que fosse leiloado por ter sido adquirido com dinheiro do fundo, e a quantia arrecadada revertida para entidades beneficentes.
O carro de luxo alugado por ela com o dinheiro dos alunos já foi devolvido à empresa em fevereiro.
FONTE: Por G1