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Júri de Paulo Cupertino entra no 2º dia nesta sexta; réu é acusado de matar namorado da filha e seus pais

Empresário foi interrogado no Fórum Criminal da Barra Funda na tarde desta quinta (29), no primeiro dia do julgamento e negou o crime. Outros dois réus e sete testemunhas também foram ouvidos.

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Rafael Henrique Miguel e os pais dele, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Silva Miguel — Foto: Reprodução/TV Globo e Arquivo pessoal

O julgamento do empresário Paulo Cupertino, preso acusado de matar a tiros o ator Rafael Miguel e os pais dele, João e Miriam, em 2019, entra no segundo dia nesta sexta-feira (30), no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo.

A audiência do júri popular deve começar às 10h com a fase de debates entre acusação, feita pelo Ministério Público (MP), e a defesa, com os advogados dos réus _além de Cupertino, mais dois amigos dele respondem em liberdade por terem ajudado na fuga do empresário.

Cupertino foi interrogado já no primeiro dia e negou ter cometido os assassinatos. Ele é acusado por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.

Além de Cupertino, também foram interrogados na quinta (29) outros dois réus no processo: Wanderley Antunes e Eduardo Machado, que respondem a acusação de favorecimento pessoal por terem ajudado o empresário a fugir e se esconder após o crime. Os dois também se disseram inocentes.

Foram ouvidas sete testemunhas no total. Entre elas, Isabela e Vanessa Tibcherani, respectivamente, a filha e a ex-esposa de Cupertino. As duas contaram que não viram como Rafael, Miriam e João foram baleados, mas disseram na audiência que quem os matou foi Cupertino.

Cupertino chegou algemado, acompanhado por dois policiais militares, e começou a ser interrogado por volta das 18h30, já sem algemas. O primeiro dia de julgamento foi encerrado às 22h30. O réu só respondeu às perguntas da defesa, feitas por suas advogadas.

E avisou ao juiz que não queria responder aos questionamentos da acusação. Por isso o Ministério Público (MP) não o indagou sobre o crime.

Cupertino nega crime
Paulo Cupertino, suspeito de matar o ator Rafael Miguel e os pais dele três anos atrás, foi preso em SP — Foto: Reprodução
Paulo Cupertino, suspeito de matar o ator Rafael Miguel e os pais dele três anos atrás, foi preso em SP — Foto: Reprodução

O empresário afirmou diversas vezes que é inocente: “Impossível eu ter cometido esse crime. Não tinha motivo, nunca existiu crime premeditado”. Ficou nervoso em alguns momentos e precisou ser interrompido pela própria advogada.

Cupertino disse ainda que não precisa se desculpar com famílias das vítimas porque não carrega a culpa do crime.

“Mesmo no colchão fino da prisão, durmo bem, porque não me vem a imagem de eu matando Rafael, Miriam ou João”, afirmou Paulo.

Segundo o Ministério Público, Cupertino matou o artista e a família da vítima com 13 tiros por não aceitar o namoro do rapaz com a sua filha Isabela, que tinha 18 anos à época. Rafael estava com 22. Câmeras de segurança gravaram o crime e a fuga do assassino.

Após os assassinatos, o empresário se escondeu em outros estados e países. Ele só foi preso quase três anos depois do crime, em 2022.

Foi quando a Polícia Civil o encontrou escondido e disfarçado, com identidade falsa e nome de outra pessoa, num hotel em São Paulo. Naquela ocasião, Cupertino alegou inocência aos jornalistas e disse que os disparos foram feitos por outra pessoa não identificada, que, assim como ele, também fugiu após o crime.

Cupertino terminou de ser ouvido às 20h45. Seu interrogatório durou cerca de 2 horas.

Ao longo da sessão, ele interagiu com os jurados, ficou exaltado e teve de ser orientado pelo juiz. Respondeu apenas aos questionamentos feitos por sua jdefesa e se recusou a falar com o Ministério Público e com acusação.

Depoimentos das testemunhas
Isabela Tibcherani e Rafael Miguel eram namorados até o pai dela matar o ator a tiros em 2019 — Foto: Reprodução/Redes sociais
Isabela Tibcherani e Rafael Miguel eram namorados até o pai dela matar o ator a tiros em 2019 — Foto: Reprodução/Redes sociais

Sete testemunhas deram seus depoimentos no Fórum da Barra Funda.

Isabela, filha de Cupertino, foi a primeira. Ela foi ouvida sem a presença dos réus. E contou que o relacionamento com o pai era conturbado porque ele não aceitava o namoro dela com o ator. A filha do empresário também contou que, no dia do crime, saiu de casa sem avisar aos pais, pois queria encontrar Rafael – ela estava chorando e precisava vê-lo. Na época, ela disse que era constantemente proibida de sair de casa.

Durante o depoimento, Isabela também falou que ela e a mãe já foram vítimas de violência doméstica cometida por Cupertino: ”Um dia ele quebrou um prato de vidro na minha cabeça”.

Ao descobrir o namoro da filha com o ator, Cupertino também tirou o celular dela por quase oito meses, segundo Isabela.

“Ele passou a me prender mais e isolar mais ainda. Tirou meu celular. Fiquei sem contato com mais ninguém”, relembrou emocionada.

Isabela disse que, atualmente, prefere viver reclusa e longe da exposição pública. Quando questionada se torcia pela prisão do pai, respondeu que sim. Emocionada, chorou ao falar doe Cupertino, dizendo que a atitude violenta veio de alguém que deveria representar proteção, e que ele tratava a família como se fossem animais, como um “pet”.

Vanessa, mãe de Isabela e ex-esposa de Cupertino, foi a terceira pessoa a testemunhar. Durante seu depoimento, ela revelou um histórico de violência doméstica, controle e ameaças por parte do ex-companheiro.

“Ele cortou minha roupa toda [com o facão]. Ele cortava e me batia”, contou sobre as agressões que disse ter sofrido de Cupertino.

No depoimento, ela relatou que chegou a perder um emprego por constantemente aparecer machucada no trabalho, consequência das agressões que sofria dele.

Vanessa também disse saber que Cupertino andava armado, embora ele escondesse a arma — “provavelmente para que as crianças não vissem”.

Camila Miguel, irmã de Rafael, iniciou o depoimento às 16h09; ela disse que tinha pouco contato com Isabela e sentiu o irmão mais triste ao longo dos anos por conta da relação familiar do casal com Cupertino, que era muito rígido com o relacionamento dos dois.

Segundo Camila, a família temia mais por Isabela do que por Rafael, já que Cupertino era muito severo. Falou ainda que tinha uma boa vivência com Rafael: “Relação de irmãos”. Ela disse que era como uma segunda mãe da irmã mais nova. Foi ela quem contou sobre a morte dos pais à garota, que tinha apenas 13 anos à época.

Maria Quitéria de Oliveira, outra ex-esposa de Cupertino, começou a testemunhar às 17h30. Ela disse que o réu era carinhoso no início da relação, que a relação com os filhos era “comum” e que ele era exigente em relação aos estudos. Quando tiravam notas baixas, recebiam castigos (como proibição de de videogame), mas não eram agredidos.

Questionada se o ex-marido já havia demonstrado comportamentos agressivos, ela negou, mas disse que Cupertino era seco e não demonstrava afeto.

Outros dois réus
No alto, da esquerda para a direita:  Eduardo Jose Machado, Paulo Cupertino Matias e Wanderley Antunes Ribeiro Senhora. Os três são réus no processo que apura os assassinatos de Rafael Henrique Miguel e dos pais dele, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Silva Miguel — Foto: Reprodução/TV Globo e Arquivo pessoal
No alto, da esquerda para a direita: Eduardo Jose Machado, Paulo Cupertino Matias e Wanderley Antunes Ribeiro Senhora. Os três são réus no processo que apura os assassinatos de Rafael Henrique Miguel e dos pais dele, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Silva Miguel — Foto: Reprodução/TV Globo e Arquivo pessoal

Após o interrogatório de Cupertino, às 20h50, Wanderley Antunes, que também é réu no processo, mas por ser acusado de ajudar o empresário a fugir após ele matar o ator e seus pais, começou a ser interrogado.

Ele disse que após o crime, Cupertino o procurou em Sorocaba, interior de São Paulo, estava nervoso e queria ser levado a algum lugar. Segundo Wanderley, Cupertino lhe disse: “eu dei uns tiros”.

Wanderley afirmou ainda que só ficou sabendo do crime no dia seguinte, pela TV. “Amigo não faz o que ele faz comigo. Não consigo fazer mais nada, minha vida virou um inferno. Paulo mentiu pra mim”, declarou.

Por fim, Eduardo José Machado, o terceiro réu, foi interrogado também por ter ajudado Cupertino a fugir após o crime. Ele disse que fez depósito de R$ 5 mil para Wanderley. Antes, Wanderley confirmou o depósito e disse que, no mesmo dia, Eduardo lhe entregou o dinheiro, e que esse valor teria sido usado para Cupertino fugir.

No entanto, segundo Eduardo, o dinheiro era para ser usado para pagar um advogado para Cupertino, não para a fuga. Ele negou que se encontrou com Wanderley e que teria dado mais de R$ 5 mil em espécie.

Julgamento
Plenário onde ocorre o julgamento de Paulo Cupertino — Foto: Divulgação/Assessoria de Imprensa/Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP)
Plenário onde ocorre o julgamento de Paulo Cupertino — Foto: Divulgação/Assessoria de Imprensa/Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP)

O primeiro julgamento de Cupertino em 2024 foi anulado pela Justiça e remarcado para essa semana após o réu demitir seu advogado ainda no plenário.

O júri popular é presidido pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza, da 1ª Vara do Júri da Capital, que dará a sentença aos réus após a decisão dos sete jurados. O júri é composto por quatro homens e três mulheres escolhidos pelas partes.

O ator era conhecido na mídia por ter interpretado o personagem Paçoca na novela “Chiquititas”, do SBT, e trabalhado em um famoso comercial de TV em que uma criança pede brócolis à mãe. Ele também atuou em novelas da Globo, como “Pé na Jaca”, “Cama de Gato” e o especial de fim de ano “O Natal do Menino Imperador”.

Cupertino está preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo.

FONTE: Por G1

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