Para epidemiologista da Fiocruz Amazônia, Jesem Orellana, número é preocupante, já que tomar apenas uma dose da vacina limita o efeito do esquema vacinal contra o coronavírus.
Mais de 16 mil pessoas ainda não tomaram a segunda dose da vacina contra a Covid-19 em Manaus. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e levam em consideração a imunização na cidade até a quinta-feira (17).
Segundo a Semsa, 7.580 pessoas não compareceram aos postos de vacinação na capital para receberem a segunda dose da vacina CoronaVac e 8.817 não receberam a segunda dose da vacina Astrazeneca/Oxford.47
Para o epidemiologista da Fiocruz Amazônia, Jesem Orellana, o número é preocupante, já que tomar apenas uma dose da vacina limita o efeito do esquema vacinal e, com isso, enfraquece a proteção contra o coronavírus que o imunizante deveria garantir.
“Quando você fala em vacinas que tem uma dose, duas doses, eu só consigo extrair o efeito máximo desse esquema de vacinação 14, 15 dias depois da segunda dose. Se eu não faço a segunda dose, não é que eu jogue fora o imunizante, mas eu perco boa parte da proteção que essa vacina poderia me oferecer. Acaba sendo um desperdício do potencial da vacina”, explicou o epidemiologista.
De acordo com Orellana, a preocupação fica mais evidente já que o grupo com mais ‘faltosos’ é o de pessoas acima de 65 anos que, segundo o especialista, já era deveriam estar 100% imunizadas.
“Temos uma diferença de 8 mil pessoas desse público que não voltaram para tomar a segunda dose. Isso preocupa, porque é justamente o grupo que tem mais dificuldade de lidar com o vírus e é um grupo que nós sabemos, que, a resposta da vacina é um pouco menor que em indivíduos com menos de 60 anos. É preocupante, e a Prefeitura poderia fazer mutirões de busca ativa para tentar administrar de qualquer maneira essas doses e completar o esquema vacinal dessas pessoas”, defendeu.
Jesem também falou sobre os efeitos da vacina. Segundo ele, são normais e não devem ser um empecilho para quem quer se livrar o mais rápido possível da forma mais grave da doença, que já matou mais de 13 mil pessoas em todo o Amazonas.
“Grande da população ela não tem o hábito de tomar vacinas. Eles encontram uma barreira, inclusive citando os efeitos, porque são pessoas que não estão habituadas. No entanto, eles esquecem que quando eram crianças já tomaram vacinas e tiveram reações, e não foi nada de grave. O que acontece com a vacina da Covid acontece com outras tantas vacinas que usamos há décadas no Plano Nacional de Imunização (PNI)”, disse o pesquisador que também alertou:
“O que precisa ser feito é trabalhar a população sobre os efeitos, que são esperados, mas que não matam. O que mata, na verdade, é a falta de vacinação e a disseminação descontrolada do coronavírus”, finalizou.
FONTE: Matheus Castro, G1 A