Com as pernas à mostra, cobertas apenas por uma transparente meia-fina, Sabrina Carpenter veste um body de tule e um véu de noiva pretos. O look fica ainda mais sexy com suas danças sensuais. Dentro de uma igreja, a cantora rebola os quadris, fica de joelhos e desliza as mãos sobre uma cruz.
As cenas estão no videoclipe “Feather”, lançado por Carpenter no fim de outubro, e causaram um alvoroço na diocese responsável pelo cenário, a Anunciação da Bem-Aventurada Virgem Maria, igreja americana localizada no Brooklyn, em Nova York.
No altar da igreja
“A paróquia não seguiu a política diocesana em relação à filmagem na propriedade da Igreja, que inclui uma revisão das cenas e do roteiro”, afirmou a diocese à Catholic News Agency, no início de novembro.
Pouco depois, Monsenhor Jamie Gigantiello, o padre responsável pelas funções administrativas da igreja onde o clipe foi gravado, foi suspenso do cargo.
Numa publicação no Facebook, o padre se justificou e lamentou o ocorrido, classificando o videoclipe como “provocativo”.
“Num esforço para fortalecer ainda mais os laços entre a paróquia e os jovens artistas criativos que compõem grande parte desta comunidade, concordei com a filmagem após uma pesquisa geral sobre os artistas não revelar nada questionável”, afirmou Gigantiello.
“A equipe da paróquia e eu não tínhamos conhecimento de que algo provocativo estava acontecendo na igreja, nem sabíamos que caixões falsos e outros itens fúnebres seriam colocados no santuário.”
A fala do padre faz referência aos objetos destacados no clipe, que incluem caixões coloridos com dizeres como “RIP Bitch” (“descanse em paz, puta”, em português) e velas acesas.
Embora tenha dito que desconhecia o teor do clipe, Gigantiello assumiu “total responsabilidade” por permitir a gravação e pediu desculpas à igreja e a seus seguidores.
Ele afirmou ainda que o dinheiro da gravação recebido pela igreja, US$ 5 mil (cerca de R$ 24,6 mil), seria doado como forma de promover o bem após aquele “evento negativo”.
Sob o véu de Sabrina Carpenter
Carpenter, que estava no Brasil semana passada para abrir o show de Taylor Swift, se pronunciou sobre o caso numa entrevista à revista americana Variety, publicada nesta terça-feira (28).
A cantora pop disse que ela e sua equipe receberam “aprovação prévia” para a gravação.
Num trocadilho debochado com seu nome, Carpenter afirmou ainda que Jesus Cristo “era um carpinteiro [‘carpenter’, em inglês]”.
Uma missa após ‘RIP Bitch’
O clipe incomodou tanto a diocese que, ainda no início de novembro, o bispo Robert J. Brennan organizou o que chamou de “missa de reparação” no local.
Nela, fiéis se reuniram para orar pela igreja, numa tentativa de limpar a energia local, que, segundo eles, havia sido prejudicada pelas cenas sexy da cantora.
Outras pistas de dança na igreja
Essa não foi a primeira vez que um videoclipe gravado numa igreja católica causou polêmica. Madonna, por exemplo, enfureceu líderes religiosos em 1989, quando lançou “Like a Prayer”, no qual dança em frente a crucifixos em chamas.
A banda feminista russa Pussy Riot, por sua vez, dançou na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, em frente a símbolos sacros como a Virgem Maria, ao som de “Punk Prayer”, em 2012. As imagens renderam tantas críticas que as artistas acabaram condenadas à prisão.
No Brasil, naquele mesmo ano, a banda Bardo e Fada também incomodava representantes católicos com seu clipe “Se eu Não Olhar pra Você”, em que duas mulheres aparecem se beijando numa igreja do Rio Grande do Sul.
FONTE: Por G1