José Leite da Silva nasceu no município de Careiro da Várzea e mudou-se para Manaus na década de 1950.
Segunda Guerra Mundial, gripe espanhola, primeira Copa do Mundo. Os principais acontecimentos históricos do século passaram pelos olhos do amazonense José Leite da Silva, que na quarta-feira (18) completou 101 anos de idade.
Sendo pai de 18 filhos, com 37 netos, 45 bisnetos e dois tataranetos, história é o que não falta para ele. O G1 conta um pouco da trajetória do comerciante.
José nasceu no Distrito de Careiro da Várzea, em 1920. Por volta da década de 1950 mudou-se para Manaus, assim que se casou com Elcir Teixeira, mãe de seus filhos. De lá pra cá ele trabalhou com comércios, restaurante, ônibus de transporte privado, além de manter uma distribuidora de leite, manteiga e queijo para outros municípios.
Paixão pelo trabalho
O advogado João de Deus, um dos filhos de José, relembra que o pai sempre foi uma pessoa muito ativa.
“Com toda essa idade meu pai viu muita coisa nesse Brasil. Ele sempre foi uma pessoa muito voltada para o comércio, explorou vários ramos de vendas, sempre foi muito dinâmico. Ele também sempre fez obras sociais e ajudou muita gente”, relembra.
A habilidade em diversas vertentes profissionais também foi transmitida aos filhos de José, que hoje conta com confeiteira, advogados, cantores, dentistas, médicos e nutricionistas. O comerciante José Teixeira, conta que desde pequenos os filhos foram acostumados com o trabalho.
“Lembro da época em que a gente vendia o leite que meu pai produzia em casa. Nós ainda éramos pequenos, mas todo mundo já ajudava. Lembro da gente cortando o manteiga em pedaços miúdos e saindo de casa de madrugada com o tabuleiro na cabeça para ir ao mercado central vender”, contou.
Em família
Na família, as datas comemorativas se tornam um grande evento. José Teixeira relembra que todos os anos os aniversários do pai são recheados de homenagens e muita música. “Aqui, em época de Natal ou aniversários, a gente reúne todo mundo é só alegria. Temos muitos motivos para agradecer”, diz José.
O bisneto de José, Lucas Leite, atualmente trabalha com música e diz que recebeu incentivo do avô quando tocava nos eventos em família.
“Ele representa muita coisa pra mim. São ensinamentos e palavras de sabedoria. Eu sempre fui criado dentro de casa e ele sempre ficava no cantinho dele, me elogiava. Dizia que eu estava cada dia mais melhorando na música. Ele também me pedia algumas canções. Todos os anos, quando chega o aniversário dele eu faço uma dedicatória com a música do Roberto Carlos”, conta.
A pandemia para a família
Foi difícil para a família ficar longe durante a pandemia. De acordo com João de Deus, para resguardar a saúde do pai, os encontros tiveram que ser adiados. Ele conta que não vê alguns irmãos há mais de um ano.
“Durante a pandemia, a gente teve que se afastar um pouco para resguardar a saúde dele. A gente vinha na casa dele, mas ficava lá fora com medo de trazer alguma coisa pra ele”, comentou. “Graças a Deus ele não foi infectado por essa doença, tomou as duas doses da vacina contra Covid”, disse.
A passagem do pai por vários momentos importantes para humanidade é motivo de gratidão para João de Deus. “Ele já passou por tanta coisa, gripe espanhola, guerras, também viu vários jogos espetaculares da seleção e agora por essa pandemia, que graças a Deus está sendo superada pela nossa família, que não teve nenhuma vítima por conta da doença”, enfatizou. “Para mim é uma alegria muito grande ele chegar nessa idade com saúde. É uma glória para todos nós”, disse.
FONTE: G1 AM