Uma mulher de 71 anos morreu após ser submetida ao tratamento em unidade de saúde de Itacoatiara (AM).
A vereadora Andreia Mara (Avante) deve protocolar, nesta terça-feira (27) o pedido para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de Itacoatiara para investigar casos de nebulização com hidroxicloroquina no município. Uma senhora de 71 anos foi submetida ao tratamento e morreu após ser transferida para Manaus.
A mulher deu entrada no Hospital Regional José Mendes, em Itacoatiara, no dia 6 de fevereiro. Segundo a filha dela, que preferiu não se identificar, a mãe apresentou sintomas da Covid-19 e, até então, o estado de saúde dela não parecia tão grave. A filha também contou ao G1 que só descobriu que a idosa recebeu o medicamento após pedir o prontuário médico. Uma investigação foi aberta pela Polícia Civil do Amazonas para apurar o caso.
Segundo a vereadora, existe uma suspeita que outros pacientes também possam ter recebido o tratamento, mas há dificuldades em provar isso, já que as unidades de saúde do município não estariam entregando os prontuários dos pacientes.
“Logo depois do caso dessa senhora, liguei para outras pessoas para pedir os prontuários, mas elas não conseguiram pegar nas unidades de saúde. Eles dizem que só poderiam entregar depois de 15 dias. Isso começou depois que vazou em alguns portais locais a informação de que estávamos investigando. Vamos pedir uma CPI para investigar isso, além da entrega dos prontuários”, explicou a vereadora.
Ela também afirmou que quatro pessoas chegaram a entrar em contato com ela para investigar os prontuários, mas o grupo ainda não conseguiu os documentos.
Além disso, a vereadora também espera abordar outros temas relacionados à pandemia no município, como, a utilização de médicos do programa Mais Médico em unidades de saúde da cidade, o que segundo a vereadora não é permitido.
“É uma CPI para investigar a atuação do município na pandemia. Nós tínhamos uma cooperativa [de médicos] que estava com contrato renovado. Ela tinha 40 médicos. Quando a nova administração assumiu, a secretária demitiu verbalmente os médicos e não tínhamos médicos nos hospitais. Colocaram os médicos do programa Mais Médicos, o que não pode”, disse.
Nebulização com hidroxicloroquina
Além do caso de Itacoatiara, pelo menos outras duas pacientes com Covid-19 foram submetidas a nebulização com hidroxicloroquina em uma maternidade em Manaus, em fevereiro, sendo que uma delas morreu. A Polícia Civil investiga a denúncia de que pelo menos três mulheres grávidas morreram após a nebulização.
A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), vinculada ao Ministério da Saúde, informou que considera o tratamento realizado com cloroquina nebulizada em pacientes internados com Covid-19 em Manaus um experimento clandestino e sem autorização legal. Em nota, o órgão faz menção indireta às pesquisas com cobaias no nazismo.
Edição: Matheus Castro, G1 AM