Também não será permitido tossir, pedir autógrafos, ‘expressar apoio verbal’ aos atletas ou participar de ‘entrar em contato direto com outros espectadores’. Jogos começam em 30 dias.
A Olimpíada de Tóquio, que começa daqui a exatamente um mês na capital do Japão, será um evento esportivo sem alegria nem festa devido à pandemia do novo coronavírus.
Os organizadores dos Jogos anunciaram nesta quarta-feira (23) novas e rigorosas regras contra a Covid-19 para os espectadores do evento: sem abraços, sem autógrafos e sem bebidas alcoólicas.
Adiados em 2020 por causa do novo coronavírus, os Jogos Olímpicos estão previstos para ocorrer entre 23 de julho e 8 de agosto deste ano e os Jogos Paralímpicos, entre 24 de agosto e 5 de setembro.
A presidente do comitê organizador, Seiko Hashimoto, afirmou que “o ambiente festivo terá que ser suprimido para que os Jogos sejam seguros”. Disse também que será necessário ter “criatividade” para estimular um ambiente positivo, apesar das restrições.
Na segunda-feira (21), o comitê anunciou a permissão para até 10 mil torcedores japoneses por evento (ou 50% de ocupação nos locais de competição, o que for menor). Estrangeiros estão proibidos.
Hashimoto também advertiu que o Japão não terá as mesmas cenas de festa da Eurocopa. “Na Europa, os lugares estão cheios de comemorações. Infelizmente, talvez não possamos fazer o mesmo”.
Exigências na Olimpíada
Os espectadores deverão cumprir alguns requisitos para entrar nas sedes olímpicas: caso a temperatura corporal seja superior a 37,5ºC em dois controles de medição, o torcedor terá a entrada negada.
E, se a pessoa tiver a entrada rejeitada, não terá o ingresso reembolsado. Torcedores que tossirem ou não usarem máscara também não serão permitidos.
Uma vez dentro do local de competição, os torcedores poderão aplaudir os atletas, mas não estimular os atletas — “nem entrar em contato direto com outros espectadores”. E a recomendação é sair do local imediatamente após o fim da competição.
Também será proibido pedir autógrafos aos atletas ou “expressar apoio verbal” e participar de “qualquer forma de aclamação que possa resultar em uma multidão”.
Os espectadores não terão acesso a bebidas alcoólicas, que são permitidas em outros eventos esportivos organizados atualmente no Japão. A medida foi tomada “para atenuar, na medida do possível, as preocupações da população”, afirmou a presidente do comitê organizador.
“As pessoas podem sentir alegria no coração, mas não podem fazer barulho e devem evitar as multidões”, segundo Hashimoto. “Estamos nos esforçando muito para encontrar uma nova forma de celebrar”.
Covid-19 no Japão
A oposição de japoneses à Olimpíada parece ter diminuído nas últimas semanas, mas quase metade dos japoneses permanecem contrários à organização do evento daqui a 30 dias, segundo pesquisas.
O governo japonês suspendeu no domingo (20) o estado de emergência em Tóquio e outras regiões do país devido à queda no número de casos e mortes por Covid-19 e à aceleração da vacinação.
Desde março o país tem lutado contra uma nova onda de infecções, e o número infectados por dia chegou a quase 8 mil por dia no fim de abril e o de óbitos mortes passou de 200 em meados de maio. Mas os novos casos caíram para 1,4 mil por dia e o número de vítimas, para menos de 50 atualmente.
Terceira maior economia do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China, o Japão é atualmente um dos países desenvolvidos com menos habitantes imunizados.
Menos de 20% da população recebeu ao menos uma dose e só 8% está totalmente vacinada, segundo dados do “Our World in Data”, projeto ligado à Universidade de Oxford.
Os números são muito menores que os de Reino Unido (63% com ao menos uma dose e 46% totalmente vacinados), EUA (53% e 45%), Alemanha (51% e 32%) e até o Brasil (30% e 11%)
Mas a vacinação tem ganhado tração no país de 126 milhões de habitantes. O Japão tem aplicado uma média de mais de 1 milhão de doses por dia desde o dia 15.
‘Verdadeiros valores’
Hashimoto disse ainda que os Jogos de Tóquio ressaltarão os “verdadeiros valores” do evento olímpico e as restrições são uma oportunidade para transcender os Jogos Olímpicos e se concentrar no esporte.
Ela afirmou que, nos últimos anos, “os Jogos tendiam a um entusiasmo extremo, mas, com isso, o significado e os valores originais não eram transmitidos completamente”. “Desta vez, acredito que serão abordados os verdadeiros valores dos Jogos”.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Hashimoto participou de sete edições dos Jogos Olímpicos — entre edições de verão e inverno —, na patinação de velocidade e no ciclismo de pista.
Ela assumiu a presidência da Tóquio 2020 após o seu antecessor, o ex-primeiro-ministro Yoshiro Mori, renunciar devido a declarações machistas.
Ela negou que as dificuldades da Tóquio-2020 desanimem os anfitriões. “Eu vejo como uma oportunidade para apresentar a essência dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, e para mudar o formato dos Jogos”.
FONTE: G1/Por France Presse