Reverendo Amilton Gomes e Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, devem ser ouvidos na próxima semana
A cerca de uma semana do retorno aos trabalhos no Senado, a cúpula da CPI da Pandemia definiu os primeiros depoentes do novo período da comissão, e manteve foco nas investigações sobre denúncias de possíveis irregularidades e propinas na aquisição de vacinas contra a Covid-19.
O roteiro foi definido em reunião por videoconferência na tarde do domingo (26) entre os membros da cúpula da CPI e senadores do chamado G7, o grupo de parlamentares independentes.
Para a terça-feira (03), devem ser votados novos requerimentos e, em sequência, os senadores ouvirão o reverendo Amilton Gomes de Paula, apontado por representantes da Davati Medical Supply como um “intermediador” entre empresas que ofertavam vacinas e o governo federal.
O caso chegou à CPI após Luiz Dominghetti, um policial militar que atuaria como “revendedor” da Davati, afirmar ter recebido um pedido de propina do ex-diretor do Departamento de Logística da Saúde, Roberto Ferreira Dias, na negociação de 400 milhões de doses da AstraZeneca.
Líder de uma organização não-governamental, o reverendo Amilton chegou a ser convocado para depor antes do recesso parlamentar, mas sofreu de um problema renal que o impediu de ir à comissão. Ele apresentou um atestado médico de 15 dias na ocasião.
Já na quarta-feira (04), a expectativa é de ocorrer o depoimento de Francisco Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos e responsável por negociar a vacina Covaxin com representantes da vacina na Índia e com integrantes do governo federal.
Maximiano é uma peça importante para os senadores avançarem nas investigações dos indícios de irregularidades em contratos de compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Na última semana, a Bharat Biotech, fabricante indiana da vacina Covaxin, anunciou a rescisão de seu contrato com a Precisa Medicamentos. O Ministério da Saúde já havia suspendido o contrato firmado em fevereiro até que a Controladoria-Geral da União (CGU) investigasse por contra própria um dos principais alvos da CPI.
Na quinta-feira (05), vai ser a vez de ouvir o advogado da Precisa Medicamentos, Túlio Silveira, que teria atuado tentando acelerar a tramitação do contrato da Covaxin no Ministério da Saúde e assinou o contrato de compra como testemunha. Por enquanto, não há previsão de sessão para sexta-feira (06).
A cúpula também não marcou reuniões nos próximos dias com a bancada de juristas que devem auxiliar os parlamentares na elaboração do relatório final da Comissão, que foi prorrogada para funcionar até outubro de 2021.
Para o dia 19 de agosto, os senadores pretendem ouvir o deputado Ricardo Barros (PP-PR) – sessão a ser realizada após uma série de adiamentos e acesso, por parte do líder do governo na Câmara, a todos os documentos que citam o seu nome.
Barros foi apontado pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) nas investigações envolvendo a Covaxin. Ao denunciar possível corrupção na aquisição da vacina, Miranda disse à CPI que ouviu do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que aquele era “rolo de um deputado”, depois identificado como Ricardo Barros. O deputado nega as acusações.
FONTE: Giovanna Galvani e Tainá Farfan, da CNN, em Brasília e São Paulo