Série documental revela todos os detalhes dos brinquedos do parque, da criação aos truques
“Onde os sonhos se transformam em realidade”. O lema dos parques da Disney traduz bem os planos de Walt Disney em transportar os visitantes para uma realidade lúdica, repleta de fantasia e diversão. E, desde a inauguração da primeira Disney, na Califórnia em 17 de julho de 1955, milhões de turistas de todas as idades são convidados a viverem aventuras nas atrações dos parques.
E são essas atrações as protagonistas da série documental Por Trás da Diversão, – com cinco episódios iniciais no streaming Disney+ e outros por vir – que provam que esses chamarizes que fazem do parque um dos principais destinos de aventura do mundo, não são apenas meros brinquedos. Eles possuem uma rica trajetória de criação e construção, que levam os visitantes a mergulharem em histórias fantásticas.
Com toques de humor, cada episódio mostra os bastidores de uma atração, desde sua idealização até os dias atuais. É o caso do Star Tours, do Jungle Cruise, da Haunted Mansion e da Twilight Zone Tower Of Terror, brinquedos super concorridos que ajudaram a construir a fama dos parques e que possuem versões em diferentes Disneys pelo mundo.
Curiosidade: você sabia que o famoso brinquedo Star Tours poderia ser uma montanha-russa e que George Lucas, criador da franquia, teve a ideia de fazê-lo como um simulador após ver um storyboard aleatório nos corredores da companhia? Ou que, ao invés de criar uma selva realista, optou-se por fazer uma “selva hollywoodiana” no Jungle Cruise, em que o horticultor Bill Evans contrabandeou sementes dentro de suas meias e ainda plantou laranjeiras de cabeça para baixo para parecer manguezais e dar um ar mais “exótico” ao local?
Os Imagineers, como são chamados os designers e engenheiros responsáveis pelo desenvolvimento dos parques da The Walt Disney Company, são as grandes estrelas entrevistadas. Eles falam sobre o processo de imaginação, de criação e de construção das atrações, relembrando os desejos de Walt Disney com seu negócio e as figuras quase mitológicas que o acompanharam.
E um dos desejos do criador da companhia multibilionária era continuar inovando. “Enquanto houver imaginação no mundo, a Disneylândia nunca estará completa”, dizia. E a estratégia deu certo: em tempos pré-pandêmicos, cerca de 93 milhões pessoas por ano visitavam os parques da Walt Disney World em Orlando combinados de acordo com o The New York Times.
A seguir, destacamos os bastidores e a história de três atrações famosas nos parques da Disney pelo mundo que aparecem na série documental:
Jungle Cruise
Já imaginou construir um ecossistema tropical, com mata fechada e um rio que serpenteia a floresta, no meio do deserto da Califórnia? Pois o inimaginável se tornou possível com o Jungle Cruise, atração aberta junto da primeira Disney, em Anaheim, em 1955. O brinquedo, um passeio de barco por cenários da África, Ásia e América do Sul, foi inspirado na série de documentários True-Life Adventures, que levou oito prêmios Oscar entre 1948 e 1960, e no filme The African Queen, de 1951.
Como a série mostra, o Jungle Cruise foi construído em um terreno seco, preenchido de água e árvores exóticas trazidas de vários lugares da Califórnia, inclusive de subúrbios de Los Angeles, que cresceram por cerca de um ano até o parque ser inaugurado.
Porém a atração de hoje não é a mesma dos anos 1950: depois de alguns anos, mais humor foi adicionado à história e os animais eletrônicos ficaram mais realísticos. A atração se tornou muito popular ao longo do tempo por conta dos barqueiros – que atualmente podem fugir do script – e da pegada humorística. Recentemente, a Disney anunciou mudanças para deixá-lo mais inclusivo e menos insensível à representação de outras culturas. O seriado admite que piadas e diálogos foram feitos em cima de estereótipos que não condizem mais com os tempos atuais.
A fama e a história narrada no brinquedo, que possui versões também em Orlando, em Tóquio e em Hong Kong, acabou inspirando o filme homônimo que será lançado no fim de julho, estrelado por Dwayne Johnson, que também é produtor executivo da série.
Star Tours
George Lucas, criador de Star Wars, visitou a Disney californiana no segundo dia de abertura do parque, em 1955, e mal imaginaria que 32 anos depois sua franquia viraria uma atração futurística disputada na propriedade em Anaheim. Desde o lançamento de Star Wars – Uma Nova Esperança, em 1977, os filmes da franquia tiveram muito apelo popular, o que ajudou na hora de se pensar numa atração.
Mas como criar uma galáxia que te leva, pelo menos na imaginação, para bem longe do parque? Por trás da diversão mostra que a ideia inicial era construir uma montanha-russa, mas os planos foram por água abaixo. A saída foi conceber um brinquedo de simulação, pensado após George Lucas ver um storyboard nas paredes da sede dos estúdios da Disney.
O episódio de Star Tours mostra todo o processo de viabilização da atração, os erros e os acertos, assim como a construção de uma história que não é igual a dos filmes mas que se encaixasse no mundo de Star Wars. E o sucesso logo veio: após a inauguração em 12 de julho de 1987, o brinquedo não parou de receber visitantes por três dias seguidos. A novidade acabou sendo adaptada em outros parques, como a Disney de Orlando, Tóquio e Paris.
O brinquedo parou de funcionar na Disneyland em 2010, mas seu legado continuou após a compra da Lucas Films pela Disney em 2012. Assim, outras ideias vieram pelo caminho: em 2016, as construções de uma verdadeira terra imersiva, a Star Wars: Galaxy Edge, começaram, com a inauguração em 2019 – tanto na Califórnia quanto em Orlando.
Twilight Zone Tower Of Terror
Baseado na série de televisão The Twilight Zone, que foi ao ar entre 1959 e 1964 e apresentava ao público cenas paranormais e distópicas, a Torre do Terror foi inaugurada no Disney’s Hollywood Studios, em Orlando, em 1994. A atração consiste em colocar os passageiros em um elevador misterioso que “desaparece” com os visitantes, levando as pessoas a experimentar quedas e subidas radicais.
Por trás da diversão aborda como a atração foi pensada e também as soluções mecânicas para fazê-la funcionar. Fun fact: a torre foi construída com a altura máxima de 199 pés e 11 polegadas (cerca de 60,9 metros), pois, se os 200 pés fossem atingidos, uma luz piloto – aquelas que ajudam na segurança aérea – deveria ser colocada no topo da torre, atrapalhando a ambientação do brinquedo.
A atração se tornou uma das mais populares em Orlando e, uma década depois, projetos para outros parques do mesmo brinquedo surgiram. A Torre do Terror foi inaugurada na Disney California Adventure e na Tokyo Disney Sea em 2004, sendo que esta última apresenta uma história original de terror adaptada a cultura local e não relacionada à série Twilight Zone, já que, como dizem os imagineers, os locais não estavam interessados no enredo ocidental. A última torre da franquia estreou no Walt Disney Studios Park, em Paris, em 2007.
O interessante é que o enredo original da atração na Disney da Califórnia foi descontinuada em 2017 e um novo projeto foi feito em tempo recorde: o segundo filme dos Guardiões da Galáxia estrearia naquele ano e uma remodelação completa foi realizada. O mecanismo e a estrutura continuaram as mesmas, mas todo enredo e ambientação foram alterados: antes um hotel misterioso e assustador, agora uma atração recheada de humor e instigante, que leva os visitantes para uma fortaleza futurística.
FONTE: CNN BRASIL