Para o Conselho, as declarações são abomináveis. Elas encorajam os índios do Vale do Javari a usarem armas uns contra os outros para resolver os conflitos
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) pediu a imediata demissão de um chefe da Fundação Nacional do Índio (Funai), que sugeriu “meter fogo” em indígenas isolados do Amazonas. A fala foi feita durante uma reunião entre a entidade e índios marubos, no Vale do Javari e o áudio foi divulgado pela Folha de S.Paulo na quinta-feira (22).
No áudio, de 23 de junho e transcrito pelo jornal, o coordenador afirma que se a Frente de Proteção Etnoambiental não cuidasse dos índios isolados, ele iria “meter fogo nos isolados” e que esses índios estariam saindo de suas aldeias para importunar indígenas de outra etnia.
Para o Cimi, as declarações são abomináveis. Elas encorajam os índios do Vale do Javari a usarem armas uns contra os outros para resolver os conflitos, inclusive fazendo referência a uma suposta “guerra”. Causa indignação ainda, segundo a entidade, que as declarações tenham sido feitas por um servidor público que ocupa um cargo de chefia na Funai e que, portanto, tem como função institucional proteger os povos indígenas e as terras que ocupam.
Para o Conselho, a fala do coordenador também revela um total desconhecimento sobre a forma de ocupação territorial dos povos do Vale do Javari, onde há pelo menos quinze povos em situação de isolamento, além do total despreparo para ocupar o cargo de Coordenador Regional da Funai.
O Cimi também reforçou um pedido da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab) feito à 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF) para a instalação de inquérito para apurar crime de genocídio contra povos indígenas isolados e para determinar o afastamento imediato do coordenador.
FONTE: G1 AM