Empresa afirmou que ferramenta será usada para identificar usuários nos EUA que tentam armazenar fotos de abuso infantil na plataforma. Casos suspeitos serão denunciados às autoridades.
A Apple anunciou na quinta-feira (5) que adotará em iPhones nos Estados Unidos um sistema para verificar fotos enviadas ao serviço de armazenagem iCloud. O objetivo é denunciar usuários que tentam usar a plataforma para armazenar imagens de abuso infantil.
A empresa informou que, se encontrar imagens suspeitas, realizará uma revisão humana e denunciará o usuário a autoridades. Outras empresas de tecnologia, como o Facebook, usam uma tecnologia parecida para detectar e denunciar casos de abuso infantil.
Segundo a Apple, o sistema que fiscalizará usuários de iPhone nos Estados Unidos é projetado para ter, no máximo, 1 falso positivo por trilhão de análises.
O método utiliza registros anteriores de abuso infantil mantidos em um banco de dados por órgãos de proteção à criança. O sistema transforma esses registros em “hashes”, isto é, códigos numéricos que correspondem às fotos, mas que não podem ser usados para recriá-las.
Quando alguém tenta enviar algo ao iCloud, o iPhone cria uma “hash” da imagem e a compara com as que estão salvas no banco de dados. Caso o sistema identifique alguma semelhança, o caso é analisado pela empresa.
A ferramenta analisa a imagem antes dela ser transmitida ao serviço de armazenamento, e não depois que ela já está nos servidores.
Com a ferramenta, a Apple poderá detectar imagens similares às que estão presentes no banco de dados, mesmo que tenham sido editadas. A companhia afirma que as imagens que ficam apenas no iPhone não serão analisadas.
A adoção do sistema pela Apple foi alvo de críticas de alguns especialistas em privacidade e segurança. Eles afirmaram que a solução também poderá ser usada para buscar conteúdos genéricos e para governos perseguirem opositores.
O pesquisador de segurança, Matthew Green, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, avaliou em seu perfil no Twitter que, para a Apple, “é seguro construir sistemas que examinam os telefones dos usuários em busca de conteúdo proibido”.
“Se eles [Apple] estão certos ou errados nesse ponto, pouco importa. Isso quebrará a barreira – os governos exigirão isso de todos”, disse Green. “E quando descobrirmos que foi um erro, será tarde demais”.
FONTE: G1