Após afirmar que pediria o exame, delegado informou que teste geraria resultado inclusivo. Estudante denunciou estupro para a polícia a relatou caso nas redes sociais.
A Polícia Civil voltou atrás e afirmou que não utilizará amostra do cabelo da influencer Franciane Andrade, de 23 anos, que denunciou ter sido dopada e estuprada na madrugada de domingo (28), para analisar se ela foi dopada durante a festa do rodeio de Jaguariúna (SP).
O delegado Erivan Vera Cruz informou durante a tarde que o exame seria pedido, mas afirmou, no início da noite, que esse tipo de teste só funcionaria se a vítima utilizasse a substância reiteradamente.
“Se foi esporádico, não vai sair [com amostra de cabelo], vai dar negativo, então não vai concluir nada”, explicou.
Ouvido pelo g1, o perito criminal e presidente do Sindicato dos Peritos Criminais de São Paulo, Eduardo Becker, explicou que as substâncias presentes no sangue são degradadas mais rápido, em questão de horas, enquanto que no cabelo o material dura mais tempo. No entanto, fazer exame com fio de cabelo serviria para identificar substâncias em usuários crônicos.
Investigação
O delegado informou que vai pedir depoimento de amigos da estudante. Ela foi ouvida pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Mogi Guaçu, cidade onde mora, por cerca de três horas nesta quarta.
O delegado afirmou ainda que os investigadores buscam testemunhas do crime. A organização do rodeio informou que analisa as 53 câmeras de segurança que o recinto da festa possui para reconstituir os fatos.
“A investigação foi iniciada, agora corre em segredo de Justiça. (…) Evidentemente que está sendo requisitado as imagens, agora, não tem como ficar falando o que constatou na imagem, porque é proibida a divulgação porque foi decretado segredo de Justiça”, completou o delegado.
A reportagem tentou contato com a vítima por telefone e rede social, mas não houve retorno até a publicação. A estudante de medicina veterinária tem 157 mil seguidores no Instagram.
O caso
Segundo o boletim de ocorrência, registrado na terça-feira (30), a jovem relatou que o crime ocorreu entre na madrugada de domingo (28).
À polícia, Franciane afirmou que estava na companhia de amigos na festa, bebendo, e que não se lembra do que ocorreu depois. Disse aos policiais que apenas acordou em uma rotatória próximo ao local do evento.
Ela também compartilhou o story de uma amiga que relatou que algo foi colocado no copo da influenciadora.
Na manhã desta quarta-feira (1ª), a jovem esteve na DDM de Mogi Guaçu. Ela foi ouvida no fim da manhã durante três horas. A DDM também confirmou que foi feito exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) da cidade, mas não deu detalhes.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que caso foi registrado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Mogi Guaçu (SP) e encaminhado para a Delegacia de Jaguariúna, onde as investigações prosseguem.
“Diligências estão em andamento para esclarecer os fatos. Outros detalhes não podem ser divulgados devido à natureza do crime”, informou a SSP. O caso será investigado em segredo de justiça.
Sentiu dores após a festa
No Instagram, a jovem relatou ter sentido dores e procurou atendimento médico. Foi quando exames apontaram a suspeita de estupro.
“Que dor que eu estou sentindo. Inconsciente, sem ver quem era. […] Eu paguei um dos camarotes mais caros para ter segurança, aí acontece isso e ninguém me ajudou. Nenhum segurança me ajudou, ninguém”.
Ainda no Instagram, Franciane disse que precisou tomar, na Santa Casa de Mogi Guaçu, um coquetel de medicamentos contra doenças sexualmente transmissíveis.
Organização analisa imagens
A organização do rodeio informou que presta “todo o suporte necessário” para a influencer e que a operação do evento está focada em descobrir o que ocorreu.
Veja, abaixo, a íntegra da nota divulgada pela organização:
A organização do Jaguariúna Rodeo Festival informa que está em contato com a jovem Franciane Andrade e sua família desde ontem por volta de 18:30 para prestar todo o suporte necessário neste momento difícil assim que soube do ocorrido, por meio das redes sociais.
Toda a operação do evento neste momento está voltada para o esclarecimento do episódio relatado por Franciane e para a busca de elementos que ajudem as autoridades policiais a encontrarem os responsáveis pelo ocorrido.
O departamento jurídico do JRF e as autoridades competentes realizam uma operação de busca nos registros de imagem de todas as 53 câmeras espalhadas pelo recinto para que se possa reconstituir o episódio e identificar os culpados.
O evento esclarece ainda que possui um efetivo de mais de 400 seguranças treinados e com registro na Polícia Federal para preservar a integridade dos clientes.
O JRF lamenta profundamente o ocorrido e presta solidariedade à Franciane, amigos e familiares. A organização reafirma seu compromisso com o bem-estar do público e repudia qualquer forma de abuso e discriminação, dentro ou fora dos eventos que realiza.
FONTE: Por G1