Ramos alegou ‘incompatibilidade’ com agenda eleitoral da sigla. Presidente do PL, Valdemar Costa Neto disse concordar com desfiliação, mas saída oficial ainda depende de ação no TSE.
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), anunciou na terça-feira (7) que vai se desfiliar do Partido Liberal em razão de uma “incompatibilidade” com a agenda político-eleitoral do partido após a filiação do presidente Jair Bolsonaro na última semana.
Ramos diz que já tinha deixado claro que não permaneceria no partido, a partir do momento em que a filiação de Bolsonaro foi confirmada. Ele não anunciou a qual partido pretende se filiar.
“Eu sempre deixei claro da minha incompatibilidade de ser do mesmo partido do presidente Bolsonaro, não por nenhuma antipatia de cunho pessoal, mas porque considero que ele não é o melhor para o futuro do país”, disse Ramos.
“Diante disso, não posso comprometer o que eu acredito ser melhor para as futuras gerações e para as pessoas que eu represento pelo desejo do meu projeto eleitoral ou partidário”, acrescentou o vice-presidente da Câmara.
O PL é um dos partidos que compõem o Centrão, grupo de siglas que se caracteriza pela adesão a sucessivos governos, de diferentes ideologias – e que foi muito criticado por Jair Bolsonaro na campanha de 2018. O PL será o nono partido da carreira política de Bolsonaro.
A filiação do presidente da República aconteceu na sede do partido em Brasília e contou com a presidente do presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, que chegou a ser condenado e preso por envolvimento no mensalão.
Nesta terça, Marcelo Ramos disse que ainda apresentará uma “ação declaratória de justa causa” ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que deverá ser analisada pelo tribunal antes de efetivar sua desfiliação.
“Diante disso, o anúncio principal é a minha decisão tomada de sair do PL, com a gratidão de um partido que me acolheu, e me prestigiou”, declarou Ramos.
PL abre mão da vaga
Durante a entrevista, o vice-presidente da Câmara apresentou uma carta assinada pelo presidente do partido, Valdemar da Costa Neto.
A carta é uma espécie de “autorização” para a desfiliação do deputado e cita “divergência doutrinárias” entre o parlamentar e a legenda.
“Em que pese o fato de lamentarmos a manifesta divergência apresentada de caráter público e notório, afirmamos que, em virtude da linha político partidária de atuação de nossa legenda, sua manutenção em nosso quadro de filiados causará indiscutivelmente constrangimentos de natureza política para ambas as partes”, diz o documento.
Na carta, o PL também renuncia ao direito de pedir o mandato do deputado por infidelidade partidária e abre mão do direito de pedir o cargo na Mesa Diretora ou qualquer cargo que Ramos ocupe em nome do partido.
Nova legenda
Ramos não anunciou para qual partido vai, mas afirmou que a legenda deverá ter independência em relação ao governo Bolsonaro.
O vice-presidente da Câmara disse que “não sairia de um partido por conta do presidente Bolsonaro para ir para um partido da base” do presidente da República.
‘Então, eu vou procurar um partido de um campo no mínimo de independência que tem sido a minha conduta aqui na Câmara. […] Meu mandato segue independente, votando com o governo e contra, e que entende que o presidente Bolsonaro não é o melhor para o futuro do país”, afirmou Ramos.
FONTE: Por G1