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Após recordes nos últimos dois anos, especialistas preveem avanço maior das queimadas em 2022 no AM

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Brigadista combate queimada na região sul do estado de Amazonas, em foto de 15 de setembro. — Foto: Bruno Kelly/Reuters

Manutenção da atual política ambiental do país, especulação em torno da pavimentação da BR-319 e eleições explicam o cenário de falta de proteção da floresta.

Após registrar recordes históricos nos últimos dois anos, o Amazonas deverá ter ainda mais focos de queimadas em 2022, segundo ambientalistas ouvidos pelo g1.

Questões relacionadas à pavimentação da BR-319, ano eleitoral e a manutenção da atual política ambiental do país explicam o cenário pessimista para a proteção da floresta.

Em 2021, o Amazonas registrou um total de 14.848 focos de incêndio, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse é o terceiro pior número de queimadas da série histórica, iniciada em 1998.

Em 2020, o estado teve o maior número de queimadas da história: foram 16.729 focos de incêndio. O número superou o recorde anterior, de 2005, que agora figura como o segundo ano com os piores registros: foram 15.664 focos de queimadas.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) informou ao g1 que a a Operação Tamoiotatá 2 tem previsão para iniciar ainda no primeiro trimestre de 2022, para prevenir as queimadas, que costumam aumentar a partir do segundo semestre (veja mais detalhes abaixo).

Os meses de agosto, setembro e outubro são, geralmente, os mais secos do ano na Amazônia e também formam o período em que ocorrem os maiores índices de queimadas e desmatamento.

Ambientalistas ouvidos pelo g1 respondem:

  • Qual o cenário de queimadas previsto para 2022?
  • Qual o interesse em queimar a Floresta Amazônica?
  • Como reverter o quadro atual?
Qual o cenário previsto para 2022?

Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil, acredita na manutenção da atual política ambiental do Ministério do Meio Ambiente, e por conta disso, prevê um cenário parecido, ou até pior, do que o registrado nos últimos anos.

“Temos visto, desde o início do atual governo, o desmonte sistemático dos órgãos de monitoramento e fiscalização da Amazônia. Além disso, é notório o enfraquecimento das políticas ambientais que mantém a floresta em pé. Vale lembrar, também, que esse número preocupante de queimadas aconteceu em um ano em que tivemos um curto verão amazônico”, pontuou o ativista.

Em abril de 2021, mais de 400 servidores de carreira do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) assinaram um ofício, no qual afirmaram que todas as atividades de fiscalização de infrações ambientais desenvolvidas pelo órgão estavam paralisadas.

Na foto, membro da brigada de incêndio do Ibama tenta controlar as chamas em um ponto de queimada em Apuí, no Amazonas, no dia 11 de agosto. — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Na foto, membro da brigada de incêndio do Ibama tenta controlar as chamas em um ponto de queimada em Apuí, no Amazonas, no dia 11 de agosto. — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Segundo Muriel Saragoussi, doutora em Fisiologia Vegetal e ex-secretária nacional de Coordenação de Políticas Públicas para a Amazônia do Ministério do Meio, a especulação em torno do asfaltamento da BR-319 também tem atraído as ações de grileiros e garimpeiros, o que deverá ser intensificado em 2022, por ser um ano eleitoral.

“Em geral, nos anos eleitorais, há um crescimento do desmatamento porque todos os candidatos ficam prometendo que vão passar a mão na cabeça dos criminosos. E acho que aqui no Amazonas, infelizmente, a grande maioria dos candidatos são favoráveis ao asfaltamento da BR-319, e isso vai criando essa expectativa de posse da terra e essa expectativa de que o desmatamento vai ser recompensado”, explica.

FONTE: Por G1 AM

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