Prioridade é de pessoas com poucos recursos financeiros e com dificuldade de locomoção.
O cenário de desespero visto durante a crise do oxigênio no Amazonas, em janeiro de 2021, despertou em muitas pessoas a vontade de ajudar.
Foi depois desse caos, na segunda onda da Covid-19, que o médico João Bosco da Silva Jr. decidiu atender pacientes de forma gratuita em Manaus.
“Eu estava lá na sala de emergência, e os pacientes chegavam saturando 40%, já morrendo, praticamente, porque a falta de oxigênio faz o paciente ter uma parada cardíaca. Se eu visse esse paciente há uma semana, eu poderia salvar esse paciente”, contou.
Então, ela passou a atender de graça as pessoas em casa. Pelas redes sociais, chegavam tantos pedidos que ele passou a convocar os colegas de profissão.
Mais de 20 médicos se juntaram à ele. O grupo chegava a atender cerca de 30 pessoas por dia.
“A gente atendeu 537 pessoas. Porque essas pessoas foram salvas? Por que a gente interviu antes delas chegarem no hospital, porque se a gente ficasse dentro do hospital esperando eles chegarem, eles iam morrer. Então a gente fez a intervenção clínica lá no começo pra ter um desfecho favorável”, disse.
Uma das pessoas atendidas no ano passado foi a dona de casa Maria Claudete Freitas. Um ano depois, médico e paciente se reencontraram.
“A ajuda deles foi muito importante pra mim, muito necessária. Eu agradeço a Deus pela vida deles, pela vida do meu esposo, e pela vida de todas as pessoas que me ajudaram. Se não fosse por eles, eu não estaria aqui agora”, lembrou.
E depois de dois meses de trabalho intenso, a demanda diminuiu, mas nem por isso o projeto deixou de existir. Até hoje, o João ainda oferece o atendimento gratuito, pela internet e presencial.
A prioridade continua sendo pessoas com poucos recursos financeiros e com dificuldade de locomoção. O filho da dona de casa Francimara Oliveira Santos é um dos beneficiados.
“O acompanhamento de um médico é fundamental. É muito bom porque em meio a situação do mundo em que vivemos, ainda há muitas pessoas boas, que podem e estão disponíveis para ajudar”, declarou a dona de casa.
O João é aquele exemplo de pessoa que usa seus conhecimentos e habilidades para um bem maior. Ele sabe, ele motiva e ele continua se doando por uma Amazônia mais bonita.
“A lição é que a vida é muito curta, passa muito rápido, e a gente só tem uma chance pra viver. Nessa chance a gente tem que fazer valer a pena, a gente precisa cuidar das pessoas, amar mais as pessoas. O amor realmente muda o curso de vida, o amor pela profissão, o amor pela pessoa, o amor por ser humano e pelo ser humano”, incentivou o médico.
FONTE: Por G1 AM