A Polícia Civil do Amazonas vai ouvir mais duas pessoas sobre o caso do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, que desapareceram no Amazonas, no domingo (5). O delegado do Departamento de Polícia do Interior (DPI), Guilherme Torres, afirmou que a polícia investiga as suspeitas de ameaça contra Bruno Pereira.
Em entrevista à Rede Amazônica, na manhã desta terça-feira (7), Torres informou que duas pessoas foram ouvidas e que outras duas ainda vão dar informações à Polícia Civil.
“Não descartamos a possibilidade de ter acontecido um crime. Duas pessoas foram ouvidas e duas pessoas estão prestes a serem ouvidas nesse momento, onde vão falar sobre a dinâmica dos últimos momentos em que [os desaparecidos] foram vistos ou se foram ameaçados, para onde iam. De fato, há suspeita de uma ameaça que está sendo investigado pela Polícia Civil”, disse.
A PF não divulgou o nome das duas pessoas ouvidas, mas afirmou que eles não são suspeitos, que falaram na condição de testemunhas e que, depois, foram liberados. A TV Globo apurou que esses dois homens conversaram com Bruno Araújo Pereira e com Dom Phillips no sábado (4), na região do Vale do Javari.
O servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Araújo Pereira e o jornalista Dom Phillips, colaborador do jornal “The Guardian”, sumiram na região do município de Atalaia do Norte (AM). Nesta segunda, após os dois passarem 24 horas sem dar notícias, órgãos de investigação foram acionados.
A viagem que eles fariam, ainda no sábado, entre a comunidade São Rafael e Atalaia do Norte, deveria durar cerca de duas horas.
Quem são os desaparecidos
Segundo uma nota da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Bruno é “experiente e profundo conhecedor da região, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos”.
Já Phillips mora em Salvador e faz reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para veículos como “Washington Post”, “New York Times” e “Financial Times”, além do “Guardian”. Ele está trabalhando em um livro sobre meio ambiente com apoio da Fundação Alicia Patterson.
Em uma rede social, Jonathan Watts, editor do Guardian, disse que o jornal está preocupado e procurando informações sobre o colaborador.
Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), Bruno Araújo Pereira é servidor da fundação, mas não estava no local a trabalho. O funcionário havia tirado uma licença.
“Cumpre esclarecer que, embora o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira integre o quadro de servidores da Funai, ele não estava na região em missão institucional, dado que se encontra de licença para tratar de interesses particulares”, diz a Funai.
A terra indígena Vale do Javari
A terra indígena Vale do Javari, região na qual estão desaparecidos Bruno Araújo Pereira, indigenista brasileiro e funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista inglês Dom Phillips, do jornal “The Guardian”, fica na fronteira com o Peru e a Colômbia.
São 8,5 milhões de hectares demarcados, a segunda maior terra indígena do país – a primeira é a Yanomami, com 9,4 milhões de hectares. A região tem histórico de assassinato de um outro agente órgão federal e é palco de conflitos típicos da Amazônia: tráfico de drogas, roubo de madeira e avanço do garimpo.
Além disso, tem a maior concentração de povos isolados do mundo, com acesso restrito por vias fluviais e aéreas.
FONTE: Por G1 AM