Os procuradores municipais de Atalaia do Norte e Benjamin Constant que estavam atuando como advogados de defesa de Amarildo da Costa de Oliveira, de 41 anos, deixaram o caso. Amarildo, conhecido como ‘Pelado’, é investigado por envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, no Amazonas.
Na terça-feira (7), Amarildo foi preso com drogas e munição. O suspeito deverá passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (9).
Além do procurador de Atalaia do Norte, Ronaldo Caldas da Silva Maricaua, o PGM Davi Barbosa de Oliveira, do município vizinho Benjamin Constant, também estava atuando na defesa de Amarildo.
Após a repercussão do caso, os dois deixaram o caso.
Em nota, a Prefeitura de Atalaia do Norte informou que Maricaua foi procurado pela família de Amarildo para defender o suspeito, atuando como advogado particular.
Além disso, a administração municipal destacou que não há qualquer impedimento ou incompatibilidade que impeça Ronaldo de exercer suas atribuições legais. “Vale ressaltar que o município possui um número limitado de advogados, com apenas dois profissionais do ramo residindo na cidade”, diz o documento.
Por fim, a prefeitura diz que não tem medido esforços em apoio às buscas disponibilizando efetivo da Defesa Civil, além do fornecimento de combustível, alimentação e hospedagem às forças de segurança presentes no município.
A Prefeitura de Benjamin Constant também se manifestou em nota. De acordo com a assessoria do Município, o prefeito David Bemerguy soube pela imprensa da atuação do procurador jurídico no caso.
“David Bemerguy ressalta que, como cidadão, torce para que os desaparecidos sejam encontrados com vida e caso seja investigado com rigor e os envolvidos responsabilizados”, diz um trecho da nota.
A nota destaca que o procurador Davi Barbosa de Oliveira informou, que mesmo sendo procurador do município, a legislação permite a atuação como advogado particular e que o serviço não tem relação com a gestão municipal.
“Ele ressalta ainda que não qualquer impedimento ou incompatibilidade que prive o advogado de exercer suas atribuições legais, e que todos têm direito a uma defesa de qualidade, à observância do princípio da presunção da inocência, ao pleno acesso à Justiça, a um processo justo”, afirma a nota.
A prefeitura confirma que “devido a repercussão do assunto, o procurador e advogado” deixou o caso ainda na quarta-feira.
Prisão
De acordo com o Comando de Policiamento do Interior (CPI) da Polícia Militar, o Amarildo, conhecido como ”Pelado”, foi localizado na comunidade São Gabriel, uma vila a poucos quilômetros da comunidade São Rafael, onde Bruno e Phillips foram vistos pela última vez, no domingo (5).
Ele teria sido visto por ribeirinhos trafegando em uma lancha logo atrás da embarcação dos dois desaparecidos no dia em que sumiram.
Ainda segundo as autoridades, o motivo da prisão, porém, não tem relação com o desaparecimento. Ele tinha munição de uso restrito e uma quantidade de droga em seu poder quando foi encontrado e, por conta disso, acabou autuado em flagrante.
A Polícia Civil e a Polícia Federal abriram inquéritos para apurar o caso. Até essa quarta (8), seis pessoas tinham prestado depoimento. Além de Amarildo, a polícia colheu informações de cinco testemunhas.
Segunda maior reserva do país, a Terra Indígena Vale do Javari, onde os dois desapareceram, é palco de conflitos típicos da região: tráfico de drogas, roubo de madeira e avanço do garimpo ilegal.
Buscas
Ainda no domingo, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) começou as buscas. Sem obter sucesso, a organização indígena acionou na segunda-feira as autoridades e divulgou nota à imprensa comunicando o desaparecimento dos dois.
Mapa mostra onde jornalista e indigenista desapareceram na Amazônia — Foto: Arte/g1
Desde então, diversos órgãos federais estão envolvidos na operação para tentar encontrá-los. Agentes da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) participam das buscas, além da Marinha e do Exército.
Na segunda-feira, o governo do Amazonas anunciou o envio de bombeiros, policiais civis e militares para reforçar a procura.
FONTE: Por G1 AM, colaborou Alexandre Hisayasu, da Rede Amazônica.