Uma ópera de uma vida toda. É assim que se pode descrever a mais nova biografia de Elvis Presley, dirigida por Baz Luhrmann.
Passando por todas as fases do artista, desde sua infância em um bairro negro, sua dependência do próprio empresário, até sua parada cardíaca causada pelo excesso de medicamentos, o filme traz uma linda fotografia e um aceno ao Oscar do ano que vem.
Em quais categorias? Melhor ator deve estar na lista. Afinal, um dos homens mais imitados do mundo ganhou mais uma versão, talvez a mais completa até aqui. Austin Butler desbancou artistas como Miles Teller, Ansel Ergot e Harry Styles e, com seu rebolado e canto afinado, conseguiu o papel do “Rei do Rock”.
Foram mais de dois anos imerso na realidade de Elvis Presley: a voz engrossou, o sotaque do sul americano surgiu e agora Austin Butler inicia um novo passo na carreira, até então marcada em sua maioria por trabalhos em séries “teen”, como “Zoey 101” e “Icarly”.
Butler teve a benção de Priscilla Presley que funcionou como um arquivo vivo ao repassar as lembranças que tinha do comportamento, maneirismos e atitudes de Elvis.
Quem também usufruiu dessas memórias foi o diretor Baz Luhrmann. Discreto na extensão da sua filmografia (esse é seu sexto longa-metragem desde 1992), mas exuberante em qualquer filme que faz, não havia outro diretor para trazer Elvis ao cinema através de uma biografia com “B” maiúsculo.
Realizador de filmes como “Moulin Rouge!” (2001) e “O Grande Gatsby” (2013), Luhrmann adora um bom musical, cortes frenéticos e uma direção de arte impecável.
Para “Elvis”, Austin Butler usou mais de 90 figurinos e todas as ambientações do filme estão de acordo com as características das mais de três décadas que o longa aborda.
Incluindo as históricas: vemos caras conhecidas como B.B King, Little Richard e Big Mama Thornton, compositora de “Hound Dog” e considerada a avó do Rock.
Sobre isso, Baz Luhrmann morde e assopra. Ele mostra as raízes musicais de Elvis sendo 100% uma inspiração em cultos religiosos americanos, onde desenvolveu sua espiritualidade, mas o diretor também deixa claro que Elvis se encontrava em uma posição privilegiada perante os cantores negros da época.
Mesmo enfurecendo as autoridades das décadas de 1950 e 60 com o seu gingado, Elvis escapou.
Tudo isso é mostrado em alta velocidade. O ritmo do filme é rápido, duas horas e 39 minutos que passam voando e deixam um gostinho de quero mais, já que não foi possível cobrir todos os aspectos da vida do artista.
O encontro do cantor com o presidente americano Nixon (retratado no filme de comédia “Elvis & Nixon”, de 2016) passou batido, por exemplo, e não se vê nem um mísero sanduíche de banana com manteiga de amendoim e bacon no filme, conhecida como a comida favorita de Elvis..
Detalhes à parte, o que causa mais estranheza no filme é o maior astro dele, Tom Hanks.
O ator usou e abusou de maquiagem e próteses para viver o ex-agente de Elvis, “Colonel” Tom Parker, mas o resultado final ficou caricato, juntamente com um sotaque alemão de alguém que, claramente, não fala o idioma.
Entretanto, o ator entrega o prometido. Saímos do filme com uma profunda raiva daquele empresário que, como Baz Luhrmann faz questão de enfatizar ao final do longa, sugou todo dinheiro e vontade de viver de Elvis Presley.
Se foi realmente assim que aconteceu, o cantor não transparecia nada disso ao se apresentar, e Austin Butler entendeu o recado.
No filme, quando o ator pisa no palco com seu macacão azul, inaugurando a famosa residência em Las Vegas, vemos um Elvis ali. Não “o” Elvis, mas a essência dele, seus movimentos de dança e o cabelo que se desmancha ao longo da apresentação.
De uma forma ou de outra, temos mesmo a confirmação: Elvis não morreu.
“Elvis” estreia nesta quinta-feira (14) nos cinemas brasileiros.
FONTE: Por CNN