As buscas por desaparecidos no trecho da BR-319 onde uma ponte desabouentraram no terceiro dia, nesta sexta-feira (30). Até o momento, quatro mortes foram confirmadas. O Governo do Amazonas não atualizou o número de desaparecidos, mas até o segundo dia de buscas, o Corpo de Bombeiros procurava por 15 pessoas.
O acidente aconteceu em uma área do município do Careiro da Várzea, no Amazonas, na manhã de quarta-feira (28). Veículos faziam a travessia da ponte sobre o Rio Curuçá, quando a estrutura desabou, por volta das 8h (horário local, 9h no horário de Brasília). Pelo menos 12 veículos afundaram com o desabamento da ponte.
Ainda no dia do acidente, as autoridades confirmaram três mortes. Na quinta-feira, o número de mortos subiu para quatro. Outras 14 pessoas foram resgatadas com vida, sendo que 13 delas já receberam alta.
Até o segundo dia de buscas, os mergulhadores faziam buscas por 15 desaparecidos. No entanto, esse número não foi mais atualizado.
A ponte faz parte da BR-319, único acesso do Amazonas ao restante do país, e apresenta problemas há décadas.
Buscas
As buscas por desaparecidos começaram na quarta-feira. Nas primeiras horas do dia, um posto de comando foi montado no local para a organização das equipes.
Mergulhadores do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) realizam as buscas no trecho do Rio Curuçá onde a ponte desabou. Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros do Amazonas, coronel Orleilso Muniz, o trabalho de resgate é delicado.
“Nós estamos trabalhando primeiro para manter o ambiente aquático em segurança para que, na hora da retirada da vítima, não haja uma movimentação de veículos que venha prender um mergulhador e esse mergulhador acabe se tornando uma vítima”, disse o comandante.
Além da busca por desaparecidos, que podem estar presos nos veículos que estão no fundo do rio, os mergulhadores trabalham na fixação dos cabos usados para içar os veículos. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o canal do rio é fundo e tem de 20 a 25 metros de profundidade. “Apesar de ter uma largura do rio relativamente pequena”, explicou o comandante.
“Os nossos mergulhadores já localizaram um caminhão que está com a cabine amassada, existe a possibilidade de ter pessoas presas nessas ferragens, ainda debaixo d’água”, afirmou o comandante, na tarde de quinta-feira.
Até o momento, o Corpo de Bombeiros não localizou nenhuma vítima durante as buscas aquáticas.
Além dos trabalhos submersos, que são realizados durante o dia, as equipes também fazem varreduras em superfície a procura de outras vítimas.
“Outro posto está sendo montada para apoio e assistência às famílias. O Governo do Estado também disponibilizou lanchas para auxiliar no transporte de passageiros de uma margem a outra”, informou o governo estadual.
Veículos içados
Inicialmente, o Governo do Amazonas informou que 12 veículos ficaram submersos após a queda da ponte. O número não foi mais atualizado.
Na manhã de quinta-feira (29), as equipes de buscas conseguiram içar três veículos.
Comitê
O trabalho do Corpo de Bombeiros integra o Comitê de Resposta Rápida, montado pelo Governo do Amazonas no dia do acidente, para resgate das vítimas e apoio aos familiares.
Na manhã de quarta-feira, dia em que o acidente aconteceu, o governador Wilson Lima esteve no local.
“Participam da operação, Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), Secretaria de Estado de Saúde (SES) e Companhia de Saneamento de Águas do Amazonas (Cosama), que está distribuindo água para equipes operacionais e familiares de pessoas que se encontram no local”, afirma o governo estadual.
Rachaduras
A ponte que caiu deveria estar interditada. Essa é a opinião de engenheiros especialistas consultados pelo g1 que analisaram as imagens do local e do acidente.
No início da semana, o trecho apresentou rachaduras, parte do entorno cedeu e a ponte teve uma interdição parcial feita pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Apesar disso, antes da queda que derrubou ao menos 12 veículos no rio, havia apenas uma recomendação de que veículos pesados não usassem a pista.
Entenda o caso
O acidente aconteceu no km 25 da rodovia, por volta de 8hm de quarta-feira (28). Parte da pista já havia sido interditada parcialmente na segunda-feira (26), após começar a ceder. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) só veículos leves estavam autorizados a transitar no local.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também informou que, por orientação do próprio Dnit, havia interditado parcialmente a ponte, na segunda-feira (26), por causa de más condições na estrutura. Desde então, somente veículos leves podiam circular por lá.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que pessoas saem da água, após a tragédia. Os feridos foram socorridos pela população e encaminhados para unidades de saúde do Careiro e de Manaus.
Quatro pessoas, sendo dois homens e duas mulheres, morreram. A primeira vítima identificada foi Maria Viana Cordeiro, de 66 anos, servidora aposentada da Prefeitura de Manaus. Maria trabalhava na Casa Civil da administração municipal. Em nota, o prefeito de Manaus, David Almeida, lamentou a morte da ex-servidora.
A segunda vítima identificada foi o motorista Marcos Rodrigues Feitosa, de 39 anos. Segundo a esposa dele, Rainelma Gama, o homem fazia o trajeto de uma a três vezes por semana e trabalhava para uma empresa de distribuição de alimentos.
O cirurgião-dentista Rômulo Augusto de Morais Pereira, de 36 anos, é a terceira vítima identificada da tragédia. Rômulo atuava em Manaus e em Autazes, município que fica às margens da BR-319. Há dois anos, ele ia para a Comunidade Novo Céu, que fica na Zona Rural do Município, semanalmente. Ele saía às quartas-feiras para atender os pacientes e voltava às quintas.
Embora não informe mais a estimativa de desaparecidos, até o segundo dia de buscas, o Corpo de Bombeiros procurava por 15 pessoas.
A BR-319 tem mais de 800 km de comprimento e liga a capital, Manaus, a Porto Velho (RO). A rodovia é a única ligação terrestre do Amazonas com o restante do país.
A Ponte Curuçá fica a 15 km da margem do Rio Amazonas. Para chegar a este ponto, é necessário pegar uma balsa na outra margem do rio, na altura do Distrito Induastrial de Manaus. A travessia dura cerca de 45 minutos.
FONTE: Por G1 AM