O número de pessoas acima de 70 anos que foram às urnas no dia 2 de outubro aumentou em quase 1,1 milhão se comparado ao pleito de 2018. Esse maior comparecimento pode estar ligado à chamada prova de vida do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Pela primeira vez, a biometria da urna serviu para que os aposentados atualizassem cadastros junto ao órgão e não perderem o benefício.
Historicamente, as faixas etárias de eleitores idosos registram maior abstenção. Neste ano, os índices variaram de 38% a 99%, conforme o avanço da idade. Continuam sendo os mais altos. No entanto, são menores do que foi registrado quatro anos atrás.
O tema foi explorado pela campanha à reeleição de Jair Bolsonaro (PL), que, na véspera da votação, divulgou vídeo com um chamamento.
Na gravação, o presidente dizia: “Agora é lei. Nessas eleições, você que é aposentado ou pensionista pode fazer sua prova de vida direto das urnas. O governo federal acabou com o deslocamento desnecessário e tornou a sua vida mais fácil. Apenas o seu voto já é suficiente para garantir os benefícios do INSS, para você exercer seu direito à cidadania com menos burocracia. Pelo bem do Brasil, vote 22”.
Prevendo o uso eleitoreiro da mensagem, a campanha da então candidata à Presidência pelo MDB, Simone Tebet, chegou a questionar o conteúdo do vídeo na Justiça. Mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) só julgou o caso após o primeiro turno.
A ministra Cármen Lúcia determinou a retirada da publicação do ar na sexta-feira (7), depois que o efeito político de arregimentar idosos para votar, em tese, já havia ocorrido.
Na decisão, a ministra diz que a mensagem foi “descontextualizada” e “induz” o eleitor a achar que a prova de vida depende do voto em Bolsonaro: “O vídeo em questão apresenta conteúdo produzido para desinformar, pois a mensagem transmitida induz o eleitor a acreditar ser possível realizar sua prova de vida no INSS por meio do voto no número 22, o que afeta a integridade do processo eleitoral e a própria vontade do eleitor em exercer o seu direito de voto”.
Procurada pela CNN, a campanha do presidente Bolsonaro não comentou o assunto.
FONTE: Por CNN