Início Brasil Empresa relatou corrupção em área Yanomami a Bolsonaro em 2019

Empresa relatou corrupção em área Yanomami a Bolsonaro em 2019

Denúncia diz que houve cobrança de propina, achaque e fraude em licitação

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Criança yanomami de 4 anos internada em hospital de Boa Vista para tratar desnutrição 27/01/2023REUTERS/Amanda Perobelli

Um ofício obtido com exclusividade pela CNN revela que houve denúncia, em 2019, feita pela única empresa de tráfego aéreo então autorizada para operar na terra Yanomami em Roraima relatando cobrança de propina, achaque e fraude em licitação do nomeado pelo governo Bolsonaro para cuidar da reserva Yanomami.

A denúncia foi enviada diretamente ao gabinete do então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), em agosto daquele ano.

O documento foi recebido por uma servidora da Presidência, que o assinou. Aliados do ex-presidente afirmaram à reportagem que o gabinete era desorganizado, não conseguindo garantir que a denúncia tenha chegado ao ex-chefe de Estado.

CNN enviou questionamentos a Bolsonaro através de seu ex-secretário de comunicação e aguarda retorno.

A Voare, única empresa que era autorizada a operar na terra Yanomami, explica que atendia diversas comunidades indígenas através de contratos com a secretaria especial de saúde indígena, vinculada ao Ministério da Saúde. Para que médicos, enfermeiros e medicamentos chegassem à terra indígena era necessário que esse secretaria fizesse o contrato.

“Ocorre que, recentemente, o coordenador do Distrito Indígena Yanomami foi nomeado pelo senador Messias de Jesus, o que nos trouxe grande indignação, pois, de início, o senador pediu propina para nos manter no contrato. Caso contrário, seriamos substituídos”, relata o ofício.

“Nosso contrato havia expirado em janeiro de 2019, estávamos trabalhando por indenização até que o contrato emergencial, em andamento no SESAI Brasília, fosse concretizado, onde a Voare sagrou-se vencedora”, complementam.

A empresa destaca ainda que o coordenador indicado pelo senador teria decidido realizar uma nova cotação de preço, restringindo a participação de empresas, exigindo que os aviões fossem “aeromédicos”, ou seja, que tivessem equipamentos para que atendimentos também pudessem ser feitos no veículo.

Eles teriam ido à justiça denunciando fraude em licitação, restrição de concorrência. A Voare teria sido desclassificada por não possuir o equipamento aeromédico, mesmo apresentando menor valor de serviço.

Ainda destacam que caso semelhante teria acontecido em 2013, também denunciando ocorrido, mas que, naquela vez, as pessoas envolvidas com o suposto esquema de corrupção foram presas.

No ofício de 2019, a companhia destaca: “Apesar de impetrado denúncias nos diversos órgãos de controle (CGU, MPF, TCU, PF e justiça) e conversado pessoalmente com a Secretaria Nacional Silvia Waipua, não obtivemos nenhum retorno”. Assim, justificam ter tentado contato com o então presidente.

CNN tenta contato com a Voare, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Também não houve retorno do senador Messias de Jesus.

*em atualização

FONTE: Por CNN

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