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Indígenas vítimas de tráfico humano no AM eram obrigados a aderir ao islamismo, aponta investigação da PF

Suspeitos, de origem turca, iam até uma comunidade rural do município de São Gabriel da Cachoeira para aliciar famílias em situação de vulnerabilidade social a autorizarem o envio de seus filhos para estudarem na Turquia.

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Termo de consentimento era assinado por pais e registrado em cartório do município. — Foto: Reprodução

Investigações da Polícia Federal apontam que os indígenas que eram cooptados por uma organização criminosa de tráfico humano em São Gabriel da Cachoeira, no interior do Amazonas, eram forçados a professar a religião islâmica. O esquema foi denunciado no Fantástico deste domingo (23).

Segundo as investigações, os suspeitos, de origem turca, iam até uma comunidade rural do município para aliciar famílias em situação de vulnerabilidade social a autorizarem o envio de seus filhos para estudarem na Turquia. De São Gabriel, os jovens eram transportados para Manaus, onde começavam a ser doutrinados e viviam em situação de servidão. Em seguida, eles eram levados para São Paulo e enviados para o país mulçumano.

À Rede Amazônica, o superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Umberto Ramos, afirmou que os jovens eram obrigados a aprender sobre a religião islâmica e a professar a fé naquela crença.

“Os jovens, quando pisavam em Manaus, eram levados para a sede dessa associação, onde tinham obrigações diárias, que começavam 5h com as obrigações de ritos religiosos. Esses ritos, inclusive, eram totalmente diferentes das crenças religiosas deles. Depois eles eram obrigados a fazer manutenção do abrigo, como a limpeza do ambiente, faziam as refeições e, ao final do dia, também tinha mais obrigações religiosas”, contou.

Após saírem de Manaus, os jovens eram levados para São Paulo, onde passavam por mais uma rodada de imposições religiosas e recebiam novos nomes, sendo proibidos de mencionarem os nomes antigos.

“Eles eram obrigados a estudar o islamismo, obrigados a professar a religião islâmica, sendo que no processo de oferta da proposta a um pai, a uma mãe, no interior de São Gabriel da Cachoeira, esse cenário não era apresentado. Era feita uma proposta de estudo na Turquia, a fim de que eles pudessem se tornar médicos, advogados, teólogos, engenheiros, quando na verdade era um processo servidão, imposição religiosa, doutrinação religiosa”, explicou o superintendente da PF.

Ainda segundo Ramos, alguns jovens cooptados pela organização chegaram a ficar presos por três semanas na Turquia, por documentação irregular, e foram deportados. A partir dos depoimentos deles, a PF espera identificar a real intenção do grupo religioso.

“A gente trabalha para identificar o que foi feito durante todo esse período, para que a gente possa saber qual o objetivo principal dessa cadeia de ações, que culmina num processo de aliciamento em São Gabriel da Cachoeira dessas crianças e jovens”.

“O estado é laico. Não é possível, no Brasil, a imposição de religião de nenhuma matriz, então isso também contraria os preceitos previstos na Constituição Federal e na legislação infraconstitucional. Para além do trafico de pessoas em sua característica essencial, existe também um processo de doutrinação religiosa, processo de servidão psicológica e física”, finalizou.

Ao Fantástico, o vice-presidente da Federação das Asssiações Muçulmanas do Brasil (Fambras), Ali Hussein El Zoghbi, criticou o método de imposição da religião usado pela organização criminosa. Segundo ele, a adoção ao Islã precisa ser voluntária.

“Se essa abordagem foi feita no sentido de imposição, de coação, de coerção, ela é totalmente contrária a um princípio basilar do Islã. A adoção do islã como religião tem que ser de maneira justa, livre, desimpedida. E me causou mais preocupação ainda tratar-se de crianças”, enfatizou.

FONTE: Por G1 AM

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