TDI é o transtorno dissociativo de identidade, uma condição psiquiátrica severa e rara. São diversas identidades na mesma pessoa, que numa simples conversa pode apresentar vozes diferentes, comportamentos variados, mudar de personalidade ou de idade.
A reportagem especial do Fantástico deste domingo (20) mostrou casos de pessoas que têm o TDI. Umas delas é Giovanna Blasi, que prefere ser chamada pelo nome de registro. Ela diz que convive com 18 identidades, e que cada uma tem “personalidade, trejeito, forma de falar, gosto, tudo diferente.”
A Giovanna conta que teve episódios traumáticos na infância, mas prefere não falar deles. Há quase um ano, o que era visto como mudanças bruscas de humor, interrompeu a vida dela.
“Eu fui afastada da faculdade e do trabalho por tempo indeterminado, ainda estou afastada. Porque eu estava disfuncional, né? Eu estava trocando muito, de uma forma descontrolada. Na época que eu entrei em crise dissociativa, eu trocava pelo menos 14 vezes por dia, no mínimo”, diz.
A mãe procurou uma psiquiatra e uma psicóloga. O diagnóstico de TDI veio alguns meses depois.
“No começo, eu fiquei meio assustada, mas depois eu fui entendendo, porque cada uma tem uma característica e essas características tem a ver com a Giovana, né? Então, a gente aprende a amar porque aquele ser inteiro que tá ali, cada pedacinho é ela também”, destaca a mãe.
A jovem relata que a primeira identidade a surgir foi “mômô”, uma criança de 5 anos. Ela também revela o nome das outras identidades: “Aline, Aurora, Dandara, Aiana, a Tatá, eu (Giovana), o Herbert, a Isabella, Laura, Lina, a Lua, a Luara, a Luiza, Maria Helena, a Melanie, a Mômô, o Jim e o Ariel”, diz.
Giovanna não trocou de identidade durante a entrevista, mas quando terminou, o comportamento dela mudou. Uma das identidades, a Dandara, que se apresenta como protetora, apareceu com uma preocupação. Em seguida uma outra identidade surgiu: o Ariel. E depois a Laura.
Já Patrícia Fagundes da Silva tem 28 anos. Esse é o nome registrado na certidão de nascimento dela. Mas a manicure prefere ser chamada de Sistema República – que reúne as identidades dela. Ela relata ter 28 identidades, e, no momento da entrevista, uma identidade infantil assume.
Ela pouco se lembra da infância e da adolescência. Há quatro anos, depois de graves crises de ansiedade e confusão mental, ela procurou ajuda. Mas não conseguiu tratamento, tampouco um diagnóstico definitivo.
Muita gente pode duvidar do transtorno, dizer que tudo é invenção. Mas é importante deixar claro que, se uma pessoa diz ter uma doença mental, seja ela qual for, não cabe ao outro questionar, isso é um assunto para os profissionais de saúde que atendem essa pessoa.
“Então, existem dois pontos, né? Ou a pessoa fala que a gente está fingindo, que a gente tá inventando, que isso não existe. Ou elas vão pelo lado espiritual, há esse demônio. É espírito, ou eu já ouvi coisas como ‘você deveria estar no manicômio’. Então, é… É muito difícil o jeito que a gente é tratado socialmente”, desabafa Giovanna.
“É bizarro você ver uma pessoa de 28 anos falando com uma criança, é bizarro. É estranho, parece que é fingimento, parece que é uma atriz falando, fazendo, mas não, é real”, completa Patrícia.
FONTE: Por G1