O depoimento do ex-assessor de Jair Renan Bolsonaro, filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), à Polícia Civil do Distrito Federal foi adiado. A apresentação espontânea seria às 14h desta sexta-feira (25), presencial, mas os investigadores acharam melhor outro dia, ainda não definido.
A Polícia Civil explicou à CNN que houve uma sondagem, mas a data será marcada com base no avançar das investigações.
Diego Pupe era assessor e trabalhava na empresa BR Eventos, que funcionava em um camarote do Estádio Mané Garrincha, em Brasília. O filho do ex-presidente era dono dessa empresa.
Renan e Diego também praticavam aulas de tiro na academia investigada pela polícia, a 357. O dono do clube de tiros era Maciel Carvalho, que foi preso na manhã de quinta-feira (24).
A empresa, porém, foi repassada para Marco Aurélio Rodrigues, que a polícia aponta como “testa de ferro” para “esconder” os verdadeiros donos.
Os investigadores do Departamento de Combate ao Crime Organizado e Corrupção (Decor) querem saber do ex-assessor a relação de amizade entre o filho do ex-presidente e o instrutor de tiros. Segundo Pupe, os três viajavam juntos.
A empresa de eventos na qual Diego Pupe trabalhava com Jair Renan também foi repassada para Marco Aurélio Alves em março deste ano, mesma pessoa que recebeu o clube de tiros. A polícia investiga ele como um “elo” de possível lavagem de dinheiro.
À CNN, o ex-assessor adiantou que responderá todas as perguntas dos investigadores, quando for intimado formalmente.
A investigação
O principal alvo da operação de ontem foi justamente Maciel Alves de Carvalho, acusado de ser o cabeça do esquema e instrutor de tiro de Jair Renan. Carvalho foi preso na operação.
A suspeita é de que ele usava o clube de tiros como fachada para a compra e venda ilegal de armas. A polícia investiga também a abertura de contas no nome dos envolvidos na operação e ainda apura qual seria o papel do “filho 04” do ex-presidente Bolsonaro no esquema.
A investigação apontou para a existência de uma associação criminosa com três eixos, apurados pela CNN. O ponto de partida são empresas no nome de Marco Aurelio Rodrigues. Ele aparece como sócio administrador da Academia de Tiro 357, com capital social de R$ 3,5 milhões, e da RB Eventos e Mídia LTDA, com capital social no valor de R$ 105 mil.
A Academia de Tiro 357 foi aberta em 2011, e repassada para Marco Aurelio em 2021. Já a empresa de eventos pertencia a Jair Renan até março de 2023, quando também foi transferida para Marco Aurelio.
O segundo eixo apurado pela CNN é que os investigadores veem Marco Aurelio como um “laranja”, para ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada.
“A investigação aponta que diversos suspeitos teriam dado vida a pessoas falsas e aberto empresas visando obter vantagem indevida financeira”, detalhou o delegado à frente do caso, Marco Aurélio Sepúlveda.
De acordo com as provas da investigação, Maciel Alves e um de seus comparsas fizeram “nascer” a falsa pessoa de Antonio Amancio Alves Mandarrari, cuja identidade falsa foi usada para abertura de conta bancária e para figurar como proprietário de pessoas jurídicas na condição de “laranja”.
De acordo com fontes da investigação, o comparsa seria Eduardo Alves, que teve mandado de prisão expedido na operação “Nexum”, mas não foi localizado e é considerado foragido.
A polícia deve ouvir outras pessoas ligadas às empresas nos próximos dias.
O que dizem os envolvidos
A defesa de Jair Renan disse que ele está surpreso com a operação, e absolutamente tranquilo com o ocorrido. O advogado de Maciel Alves informou que ainda não teve acesso aos autos, e se pronunciará depois.
A CNN tentou contato com Marco Aurelio Rodrigues por meio de telefones da Academia de Tiro 357, mas não obteve sucesso. O espaço segue aberto para manifestação da defesa.
FONTE: Por CNN