A Universidade Santo Amaro (Unisa) decidiu, na segunda-feira (18), expulsar os alunos que ficaram pelados e simularam masturbação diante de atletas de vôlei feminino durante um jogo universitário no interior de São Paulo.
Vídeos que circularam e repercutiram pelas redes sociais mostram alunos da Unisa com shorts abaixados e tocando os genitais ao lado da quadra onde jogavam atletas de vôlei feminino do Centro Universitário São Camilo.
Em nota (leia íntegra abaixo), a universidade repudiou os atos e afirmou ter levado o caso às autoridades públicas.
“A Universidade Santo Amaro – Unisa informa que, na manhã de hoje, dia 18 de setembro, sua Reitoria tomou conhecimento de publicações em redes sociais divulgadas durante o fim de semana de 16 e 17 de setembro, contendo gravíssimas ocorrências envolvendo alunos do seu curso de Medicina.
De acordo com tais vídeos, alguns alunos, todos do sexo masculino, executaram atos execráveis, ao se exporem seminus e simularem atos de cunho sexual, durante competição esportiva envolvendo estudantes de Medicina da Unisa e de outra Universidade, realizada na cidade de São Carlos.
Assim que tomou conhecimento de tais fatos, mesmo tendo esses ocorrido fora de dependências da Unisa e sem responsabilidade da mesma sobre tais competições, a Instituição aplicou sua sanção mais severa prevista em regimento, ainda nesta mesma segunda-feira (18/09), com a expulsão dos alunos identificados até o momento.
Considerando ainda a gravidade dos fatos, a Unisa já levou o caso às autoridades públicas, contribuindo prontamente com as demais investigações e providências cabíveis.
A Unisa, Instituição com mais de 55 anos de história, repudia veementemente esse tipo de comportamento, completamente antagônico à sua história e aos seus valores.
São Paulo, 18 de setembro de 2023.”
O caso ganhou maior tração nas redes sociais a partir de domingo (17), quando o youtuber e empresário Felipe Neto compartilhou o caso cobrando posicionamento da Unisa: “A faculdade não vai se pronunciar? Não vai fazer nada?”
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou à CNN, em nota, que “assim que tomou conhecimento dos fatos, iniciou diligências para apurar o ocorrido”.
“A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São Carlos já iniciou as investigações para o total esclarecimento dos fatos”, concluiu a SSP.
O Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda, do curso de Medicina da Unisa, publicou uma nota nas redes sociais dizendo “repudiar as atitudes demonstradas nos vídeos que estão circulando nas mídias sociais a respeito de competições anteriores”.
“Nós não compactuamos com atitudes que ofendam, humilhem e constranjam qualquer pessoa. É notório que tais feitos são um retrocesso para uma universidade moldada através de lutas e reivindicações de seus discentes, e que também se dedica para que seu nome seja respeitado e reconhecido”, acrescentou o Centro Acadêmico.
A Atlética da Medicina da Unisa também se pronunciou por nota: “As filmagens circuladas pela mídia não são contemporâneas e não representam os princípios e valores pregados pela A.A.A.J.D.D.”
“Não toleramos ou compactuamos com qualquer ato de abuso, ou discriminatório. Assim, atletas, torcedores, equipe técnica e todos os envolvidos em nossas competições e eventos são, por nós, incentivados sempre a terem comportamentos pautados em princípios éticos e sociais em que prevaleçam o respeito, a inclusão e a igualdade”, completou a Atlética.
A CNN procurou a Unisa para se pronunciar institucionalmente, além do Centro Acadêmico e a Atlética da Centro Universitário São Camilo
UNE e Ministério das Mulheres repudiaram o caso
Com a repercussão do caso, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Ministério das Mulheres manifestaram repúdio.
“Absurdas as cenas dos alunos de medicina da Unisa durante os jogos universitários. Esses estudantes precisam ser responsabilizados pelos crimes cometidos em uma conduta inaceitável durante um jogo de vôlei feminino”, escreveu a UNE em comunicado.
“Não podemos tolerar que casos como esse continuem acontecendo. A nossa luta sempre será por um ambiente universitário sem machismo e sem assédio!”, concluiu.
Já o Ministério das Mulheres declarou que “romper séculos de uma cultura misógina é uma tarefa constante que exige um olhar atento para todos os tipos de violências de gênero”.
“Atitudes como a dos alunos de Medicina, da Unisa, jamais podem ser normalizadas — elas devem ser combatidas com o rigor da lei”, continuou o Ministério.
“Em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério das Mulheres reforça seu compromisso de enfrentar essas práticas que limitam ou impossibilitam a participação das estudantes como cidadãs. Vamos seguir trabalhando para que as universidades sejam espaços seguros, livres de violência”, concluiu.
FONTE: Por CNN