Após atingir uma seca recorde, o Rio Negro estabilizou em Manaus pela primeira vez, em 131 dias de descida das águas. Entre quinta (26) e esta sexta-feira (27), o nível do rio permaneceu em 12,70 metros.
Os dados são do Porto de Manaus, responsável pela medição diária do Rio Negro, no Centro de Manaus.
De acordo com o Porto de Manaus, neste ano, as águas começaram a baixar na capital no dia 17 de junho. Foram 131 dias seguidos de descida.
Nesse intervalo, o Rio Negro atingiu a pior seca em 121 anos de medição, no dia 16 deste mês de outubro, ao atingir 13,59 metros em Manaus. Até então, a maior vazante tinha sido registrada em 2010, quando o rio baixou para 13,63 metros.
Em 2023, o Rio Negro levou mais tempo para atingir estabilidade. “Em 2010, ano do última vazante histórica, o rio começou a descer em 13 de junho e seguiu descendo até o dia 24 de outubro, um total de 133 dias seguidos de queda”, ressaltou a administração do Porto de Manaus.
A seca severa fez o Rio Negro bater um outro um recorde no domingo (22): pela primeira vez, em 121 anos de medição, a cota ficou abaixo dos 13 metros.
Para se ter ideia, quando está cheio e preenchendo a orla do Porto de Manaus, o Rio Negro chega a atingir uma cota que varia entre 27 metros e 29 metros.
Ritmo de descida desacelera
Depois do pico, as águas continuaram descendo e só reduziram o ritmo de descida há três dias.
Até terça-feira (24), o Rio Negro, descia, em média, 10 centímetros. Na quarta-feira (25), o ritmo reduziu para 6 centímetros; na quinta (26), para 3 centímetros até estabilizar nesta sexta.
De quinta para esta sexta-feira, o Rio Negro não subiu nem desceu, ou seja, permaneceu com a cota em 12,70 metros nos dias.
O Serviço Geológico Brasileiro (SGB), antigo CPRM, analisa se os dados desta sexta-feira (27) indicam o início do fim da seca em Manaus.
No início da semana, a instituição confirmou ao g1 que a seca já encerrou no Rio Solimões, na altura do Peru e Tabatinga, cidade do Amazonas que faz fronteira com o país vizinho. O nível do Rio Negro depende dos volume de água do Solimões naquela região, chamada pelos pesquisadores do SGB de “cabeceiras”.
“Se continuar subindo nas cabeceiras, na próxima semana pode estabilizar Manaus, para, na segunda semana de novembro voltar a subir. Estabilidade seria essas oscilações de 2 cm (descendo ou subindo)”, informou, nesta sexta, Jussara Cury, pesquisadora do SGB.
Mesmo com os rios estabilizando o ritmo de descida, mais duas cidades do Amazonas entraram para a lista de afetadas. Agora, a seca histórica atinge todos as 62 municípios do estado. São mais de 600 mil pessoas afetadas, segundo a Defesa Civil do Amazonas.
Efeitos da seca em Manaus
Os efeitos da estiagem são mais visíveis na orla de Manaus (assista vídeo mais abaixo).
- Centro e proximidades
Na Zona Sul, bairros como Centro, Educandos e São Raimundo ficaram distantes do Rio Negro, que se afastou da cidade.
- Ponta Negra e Marina do Davi
A praia da Ponta Negra, na Zona Oeste de Manaus, está interditada para o banho desde o dia 2 de outubro. É que o Rio Negro fica perigoso para os banhistas sempre que o Rio Negro fica abaixo dos 16 metros em Manaus. A estiagem deixa buracos na praia, e os desníveis podem causar acidentes, incluindo afogamentos.
Do lado da Ponta Negra, outro local também está afetado pela seca de 2023: a Marina do Davi. O pequeno porto contribui para ligar Manaus a diversas comunidades do Rio Negro.
Fotos que mostram o antes e depois do local impressionam. Parte da marina secou. Duas pequenas pontes foram construídas no local para facilitar o acesso das pessoas a lanchas e a outras embarcações.
- Lagos
Do outro lado da cidade, na Zona Leste, dois lagos secaram, o Lago Mauá, e o Lago do Aleixo. Nesses locais, comunidades que dependem das águas para atividades simples e comerciais, estão isoladas.
No Lago Mauá, uma região turística, mais 50 famílias que dependiam das águas para o trabalho e tráfego, passaram a ter dificuldade de locomoção e de acesso a água potável.
Na região desse lago, parte das casas são do tipo flutuante. Algumas residências agora estão sobre o rachão coberto de rachaduras que surgiram após o desaparecimento da água.
A seca também afetou a pesca e o turismo comunitário, que existe no local há mais de 20 anos.
FONTE: Por G1 AM