Camarões se tornou o primeiro país do mundo a lançar uma campanha nacional de vacinação contra a malária ao incluir a RTS,S/A01 (ou Mosquirix) nos serviços de imunização. A vacinação é destinada aos bebês de seis meses de idade e a campanha teve início no dia 22 de janeiro.
A aplicação da vacina nos Camarões é o primeiro lançamento público oficial da vacina Mosquirix fora dos ensaios clínicos, que demonstraram uma redução de 13% na mortalidade por todas as causas, incluindo mortes relacionadas com a malária, em crianças elegíveis para receber o imunizante.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), outros nove países africanos planejam lançar a imunização ainda neste ano. Segundo dados do Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África), 90% dos casos de malária e 91% das mortes pela doença ocorreram no continente africano em 2016.
Em coletiva de imprensa, Mohammed Abdulaziz, chefe do CDC África, o início da campanha representa “um capítulo transformador na história da saúde pública africana”. “Há muito tempo esperávamos por um dia como este. [A vacinação] Traz mais do que apenas esperança. Traz uma redução na mortalidade e morbidade associada à malária”, disse.
Entenda como a vacina para malária funciona
Camarões recebeu cerca de 330 mil doses para sua campanha nacional em dezembro de 2023 e deve receber mais doses ainda neste ano. O imunizante foi desenvolvido pela farmacêutica GSK pela primeira vez em 1987 e, desde então, tem sido extensivamente estudado.
Em 2021, a OMS recomendou a vacina para a prevenção da malária em crianças. Com isso, a Mosquirix se tornou o primeiro imunizante contra a doença a receber recomendação da entidade de saúde. Uma outra vacina para malária, a R21/Matrix-M, desenvolvida pela Universidade de Oxford, também recebeu o aval posteriormente, em 2023.
A vacina Mosquirix é baseada em proteína recombinante que tem como alvo o protozoário Plasmodium falciparum antes que ele infecte os glóbulos vermelhos. Vale lembrar que a malária é transmitida pela picada do mosquito Anopheles que esteja infectado pelo protozoário.
Estudos realizados em três países africanos, em 2019, mostraram que um esquema de quatro dose para crianças com cerca de 5 meses de idade levou a uma queda de 13% na mortalidade por todas as causas e uma redução de 50% nas formas graves e hospitalizações.
No entanto, ambas as vacinas recomendadas pela OMS não devem ser úteis para o Brasil. Isso porque elas foram desenvolvidas para combater a ação do Plasmodium falciparum, responsável por mais de 90% dos casos de malária pelo mundo. No Brasil, a maior parte das infecções (84,2%) são decorrentes do Plasmodium vivax. Porém, existem grupos já realizando estudos para desenvolver um imunizante nacional para a malária.
FONTE: Por CNN