O Festival de Parintins é o maior espetáculo folclórico a céu aberto do mundo. O evento, que traz a disputa dos bois Garantido e Caprichoso, tem mais de 50 anos de história e surgiu como uma forma de arrecadar doações para a construção de uma igreja. Com o passar do tempo, o espetáculo produzido pela imaginação dos artistas parintinenses ganhou o Brasil e o mundo e exportou a cultura dos bumbás para além fronteiras.
Neste ano, a festa vai ser transmitida pela Globo e pela Rede Amazônica. A assinatura do contrato que autorizou a transmissão aconteceu na sede do Governo do Amazonas, em Manaus, na tarde desta quinta (2). A transmissão vai ocorrer por meio de todas as plataformas da emissora na TV, rádio e internet.
A história do festival começou nos meados da década de 1910, quando os bois foram fundados. O Boi Garantido é fruto das mãos de Lindolfo Monteverde, e defende as cores vermelho e branco; já o Boi Caprichoso foi fundado pelos irmãos Roque, Felix e Raimundo Cid, nas cores azul e branco. Nos primórdios, acontecia uma disputa informal nas ruas da cidade.
Os dois grandes grupos de “bois” começaram a representar nas ruas de Parintins o folclore do boi-bumbá, uma variação do bumba-meu-boi do Maranhão, que no Amazonas ganhou características próprias, incorporando as lendas e rituais dos povos originários e da cultura popular da Amazônia.
O festival, em si, surgiu só em 1965, quando um grupo de jovens católicos e os padres da cidade decidiram fazer uma campanha para arrecadar fundos para a construção da Catedral Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Parintins. Na primeira edição, um festival apenas de quadrilhas. Um ano depois, os dois bois foram convidados para participar do evento.
A festa cresceu tanto que em 1988 o próprio Governo do Amazonas construiu o Bumbódromo, uma arena de espetáculo em formato de boi dividida em azul e vermelho, para a disputa. Com o passar do tempo, no entanto, o local ficou pequeno diante da grandiosidade do evento.
Atualmente, em cada duelo, cada boi tem o tempo mínimo de duas horas de apresentação e o tempo máximo de 2 horas e 30 minutos. Enquanto um se apresenta, a ‘galera’, nome dado a torcida da agremiação, deve permanecer em silêncio. Caso haja manifestação da outra parte, o boi pode ser punido.
Para ilustrar musicalmente o tema que cada boi leva para a arena, as agremiações lançam, anualmente, um álbum com em média vinte toadas (músicas). Durante o espetáculo, no entanto, o bumbá é livre para utilizar toadas tanto de anos anteriores como do álbum atual.
O espetáculo de cada boi no Bumbódromo é complexo e envolve 21 quesitos, além de outros segmentos não julgados, como Pai Francisco, Mãe Catirina e Gazumbá – personagens folclóricos do “Auto do Boi-Bumbá”. Os itens são divididos em blocos, de acordo com suas características. O “Bloco A” compreende quesitos comuns e musicais; o “Bloco B”, itens relativos à cenografia e coreografia; e o “Bloco C” reúne a parte artística do evento.
Como decidem o boi vencedor do Festival de Parintins?
A decisão da disputa está nas mãos de jurados, dentre os quais: um é o presidente da comissão de júri; três julgam o Bloco A (os sete itens presentes nele); três julgam o Bloco B (os sete itens presentes nele); e os outros três, o Bloco C (os sete itens presentes nele). Cada noite é avaliada separadamente.
A apuração ocorre segunda-feira na parte da tarde, após o último dia de festa. Das três notas dadas a cada item, é descartada a menor. Vence o festival o boi que acumular mais pontos no somatório de todos os blocos em todas as noites. Ao todo, os jurados julgam 21 itens, sendo individuais e coletivos:
- Apresentador;
- Levantador de toadas;
- Batucada ou Marujada;
- Ritual indígena;
- Porta-estandarte;
- Amo do boi;
- Sinhazinha da fazenda;
- Rainha do folclore;
- Cunhã-poranga;
- Boi bumbá (evolução);
- Toada (letra e música);
- Pajé;
- Tribos indígenas;
- Taxauas;
- Figura típica regional,
- Alegorias;
- Lenda amazônica;
- Vaqueirada;
- Galera;
- Coreografia; e
- Organização do conjunto folclórico.
FONTE: Por G1 AM