Uma massa de ar do sudoeste do país trouxe a fumaça das queimadas no sul do Amazonas para Manaus, conforme informou a Secretaria de Meio Ambiente do estado (Sema). A cidade enfrenta uma nova onda de fumaça, que se intensificou nesta terça-feira (27).
Esta é a segunda vez que a “onda” de fumaça que atinge Manaus em agosto deste ano, em meio a uma grave crise ambiental causada pelas queimadas e pela seca crítica que afeta o estado.
Segundo a Sema, dados da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) apontam que a massa de ar chegou entre segunda (26) e esta terça (27) e trouxe consigo as partículas das queimadas do sul do Amazonas e estados vizinhos, além de parte da Bolívia.
A prefeitura de Manaus negou que o problema tenha origem nas queimadas da cidade. Em nota, a administração municipal atribuiu as partículas a queimadas em outros municípios e anunciou a criação de um comitê para combater os focos de calor.
Por sua vez, o superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, afirmou que a fumaça é resultado de queimadas realizadas por pecuaristas para a formação de pasto.
“As partículas de fumaça são deslocadas para as regiões urbanizadas por massas de ar que são um fenômeno normal na climatologia amazônica”, disse Joel.
Direção dos ventos vai mudar novamente, aponta meteorologista
A meteorologista Josélia Pegorim explicou que uma frente fria alterou a circulação dos ventos, que passaram a soprar predominantemente do Sul para o Norte.
“Como resultado, as nuvens de fumaça do Centro-Oeste, Sul do Amazonas, Acre e Rondônia foram direcionadas para o Norte, aumentando a quantidade de fumaça em Manaus”.
Ela também mencionou que a situação deve começar a melhorar a partir desta quarta-feira (28). No entanto, isso não impede que Manaus possa enfrentar novas ondas de fumaça.
“Os ventos voltarão a soprar de Norte para Sul, ajudando a dispersar e reduzir a fumaça em Manaus. Contudo, o problema persiste, pois o Brasil ainda está no auge da temporada de queimadas, com muitos focos de fogo espalhados pelo país, e a circulação dos ventos pode mudar novamente.”
Mais uma onda de fumaça
Por volta das 21h de segunda, o cheiro da fumaça começou a dominar a área central da capital, e a visibilidade foi comprometida. O fenômeno se intensificou durante a madrugada de terça e se espalhou ao longo do dia.
Conforme o Selva, para ser considerado de boa qualidade, o ar precisa medir entre 0 e 25 μm/m³ (micrómetro por metro cúbico de AR). Pela manhã, segundo o sistema de vigilância, a área mais afetada era o bairro Morro da Liberdade, que registrou os níveis de poluição em 94.6 µg/m³.
Já durante a tarde, por volta das 16h, o Morro chegou a registar 171.6 µg/m³. Já na região da Ponta Negra, o índice chegou em 196.4 µg/m³. Em quase todos os pontos da capital, o nível do ar é considerado péssimo ou muito ruim. Muitas pessoas voltaram a usar máscaras de proteção nas ruas.
No último fim de semana, a “onda” de fumaça se deslocou para outras partes do país, chegando até o Rio Grande do Sul. Brasília ficou completamente coberta pela fumaça, e em Goiânia, alguns voos foram cancelados devido às condições adversas.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que só na segunda-feira (26), o Amazonas registrou 659 focos de calor. Nas últimas 48h, Apuí registrou 200 queimadas, enquanto Lábrea 131. Os dois municípios fazem parte da lista de dez cidades que mais queimam a Amazônia. Já o consolidado do mês, em todo o estado, é de 7.789.
Emergência Ambiental
O Amazonas está em emergência ambiental devido aos focos de calor. Ao todo, são 22 dos 62 municípios do estado nessa situação. Segundo o estado, durante o período de 180 dias está proibida a prática de fogo, com o sem uso de técnicas de queima controlada.
Em julho de 2024, o Amazonas bateu um recorde no número de queimadas, segundo dados do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estado contabilizou 4.241 focos de incêndio durante todo o mês, sendo o maior número desde 1998, quando o órgão começou a monitorar as queimadas na Amazônia.
O cenário atual é semelhante ao do ano anterior, quando o Amazonas registrou mais de 20 mil queimadas ambientais.
Enfrentamento das queimadas
O Corpo de Bombeiros informou que está atuando desde junho no sul do Estado, por meio da Operação Aceiro. De acordo com a Sema, entre 3 de junho e 9 de agosto, as equipes combateram mais de 5 mil focos de incêndios.
Além disso, o governo do estado informou que o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) também têm trabalhado no combate às queimadas na região.
FONTE: Por G1 AM