Após a descoberta sobre sua falsa identidade, o juiz aposentado José Eduardo Franco dos Reis recebeu mais de R$ 500 mil em vencimentos como servidor inativo do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). As informações foram obtidas no Portal da Transparência da Corte.
Por mais de 40 anos, o magistrado usou a identidade falsa de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield. Ele foi descoberto em outubro do ano passado, quando foi ao Poupatempo da Sé, na região central da capital paulista, para tentar obter a segunda via de seu RG.
Na semana passada, após José Eduardo ter se tornado réu por falsidade ideológica, a Justiça paulista anunciou a suspensão dos pagamentos ao magistrado.
Análise das folhas de pagamento dos meses de novembro e dezembro de 2024, e janeiro e fevereiro de 2025 em nome de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield mostram que ele recebeu um total de R$ 553.826,23 em valores líquidos após descoberta da farsa.
Análise das folhas de pagamento dos meses de novembro e dezembro de 2024, e janeiro e fevereiro de 2025 em nome de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield mostram ele recebeu em valores líquidos para o juiz após a vinda à tona da farsa na identidade.
Os pagamentos detalhados nos holerites incluem:
- Novembro de 2024: Rendimento líquido de R$ 87.032,66
- Dezembro de 2024: Rendimento líquido de R$ 187.427,28
- Janeiro de 2025: Rendimento líquido de R$ 136.075,74
- Fevereiro de 2025: Rendimento líquido de R$ 143.290,55
Os documentos mostram diversas rubricas de rendimentos, incluindo “vantagens pessoais adicionais temporais”, “indenizações assistência à saúde suplementar”, “pagamentos retroativos”, “licença compensatória” e 13º salário.
Segundo denúncia do Ministério Público, em 1973, José Eduardo foi à antiga Divisão de Identificação Civil e Criminal da Secretaria de Segurança Pública em Águas da Prata (SP) para tirar um RG, quando foi “corretamente qualificado como José Eduardo Franco dos Reis, filho de Vitalina Franco dos Reis e José Eduardo dos Reis”.
Sete anos depois, porém, ele firmou ficha de identificação no IIRGD com o nome de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, “atribuindo ser filho de Richard Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield e Anne Marie Dubois Vincent Wickfield”.
“Para tanto, apresentou cópias de um certificado de dispensa de corporação emitido pelo Exército Brasileiro, uma carteira de servidor do Ministério Público do Trabalho e uma Carteira de Trabalho e Previdência Social, bem como um título de eleitor”, diz a denúncia.
O MP destaca que “tais documentos, à época, não contavam com quaisquer dispositivos gráficos ou materiais de segurança, sendo facilmente falsificáveis”. “De outra banda, até a adoção dos sistemas eletrônicos, excetuadas as pesquisas em investigações criminais, não havia condições de comparação de impressões dígito-papilares quando da identificação civil, razão pela qual não foi possível identificar que se tratava da mesma pessoa”.
FONTE: Por CNN