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Faustão: entenda como funciona transplante de fígado

O apresentador passou pelo procedimento na quarta-feira (6), chegando ao seu quarto transplante em dois anos

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Apresentador no final do "Faustão na Band", em 2023 • Renato Pizzutto/Band

O apresentador Faustão, 75, foi submetido ao terceiro e quarto transplantes de órgãos na última quarta-feira (6). Segundo boletim divulgado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, onde está internado desde o dia 21 de maio devido a uma infecção bacteriana aguda, ele passou por um retransplante renal e um transplante de fígado, que estava planejado há um ano.

O transplante de fígado é um procedimento cirúrgico que envolve a substituição de um fígado doente por um saudável, doado por um indivíduo compatível. No caso do órgão inteiro, o doador é falecido (morte cerebral); já nos casos de doação de uma parte do fígado, o doador pode ser vivo.

De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o transplante de fígado costuma ser indicado em casos de cirrose avançada, câncer de fígado ou falência hepática (quando o órgão deixa de funcionar repentinamente, frequentemente devido a lesões traumáticas, infecções severas ou reações adversas a medicamentos).

De acordo com Lucas Nacif, especialista em cirurgia digestiva e hepática, o transplante de fígado também pode ocorrer em contextos de doenças cardíacas graves, como aconteceu com Faustão, que precisou passar por um transplante de coração em 2023 devido a uma insuficiência cardíaca.

“Esse tipo de paciente pode ter diversos problemas decorrentes dessa condição inicial no coração, como a insuficiência renal. Além disso, alguns medicamentos imunossupressores [usados em pacientes transplantados] podem causar problemas no rim”, explica à CNN. “Já o fígado, quando vai tendo muita medicação, síndromes metabólicas, inflamações persistentes e constantes, ele pode sofrer uma falência também”, completa.

O especialista explica, também, que o uso de alguns medicamentos para combater infecções pode causar uma hepatite aguda, danificando a função do fígado. “Mas esse é um quadro mais rápido associado ao uso de medicamento. É mais comum que a falência do órgão esteja relacionada a outras comorbidades”, afirma.

Quais os riscos de realizar múltiplos transplantes sequenciais?

Faustão já tinha passado por outros transplantes anteriormente: no final de 2023, ele precisou receber um novo coração. Em abril de 2024, ele passou por um transplante de rim, resultado do agravamento de sua função renal após a insuficiência cardíaca.

De acordo com Wellington Andraus, doutor e chefe do Serviço de Transplante de Órgãos do Aparelho Digestivo do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), os riscos de múltiplos transplantes podem variar de acordo com cada caso.

“Existem pacientes que recebem transplante de fígado e rim ao mesmo tempo, e têm boa evolução. Em outros, o risco aumenta, sim, principalmente se um dos órgãos não funcionar bem e prejudicar o outro”, afirma. ” A gravidade do paciente no momento do transplante, a função dos órgãos e a resposta ao procedimento são fatores que influenciam diretamente. É um quadro multifatorial.”

Como funciona a fila de transplante?

Atualmente, mais de 60 mil pessoas no Brasil aguardam por um órgão para transplante. Dessas, mais de 37 mil aguardam um transplante de rim, segundo o Ministério da Saúde.

A lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada. A lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados.

Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica. Além disso, algumas situações de extrema gravidade com risco de morte e condições clínicas de um paciente aguardando transplante também são determinantes na organização da fila do transplante.

Conforme explica Andraus, na fila de São Paulo, um paciente que já fez um transplante e cujo órgão está funcionando pode ter prioridade para um segundo transplante — uma regra que não existe em outros estados.

FONTE: Por CNN

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