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MP denuncia que Secretaria de Inteligência do AM foi sede para , em desvio de cargas de ouro

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FOTO: Reprodução

Ações de policiais ao abordarem um empresário foram captadas em imagens de câmera de segurança, segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público.

O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) fez uma denúncia à Justiça em que aponta que a Secretaria de Inteligência (Seai), da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), foi sede para extorsões em casos de desvio de cargas irregulares de ouro, em Manaus. As ações de policiais ao abordarem um empresário foram captadas em imagens de câmera de segurança.

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Uma operação conjunta entre o MP-AM e a Polícia Federal que investiga a ação de agentes de segurança envolvidos no desvio de cargas de ouro, obtidas durante abordagem aos transportadores, foi realizada em julho. Na ocasião, três policiais civis e o chefe da Seai, delegado Samir Freire, foram presos por suspeita de envolvimento nos crimes.

De acordo com o MP, Samir e o grupo de policiais pediam dinheiro para liberar as cargas e ameaçavam empresários com flagrantes forjados. Foram desviados pelo menos 60 quilos de ouro.

Imagens de câmeras de segurança do Aeroclube de Manaus, do dia 22 de fevereiro, mostram um policial ao entrar no saguão às 5h51. Minutos depois, uma picape com outros policiais chega no estacionamento.

De acordo com o Ministério Público, o grupo aborda o empresário Wagner Flexa, que está na pista, dentro de seu jato particular com 7 kg de ouro. Os policiais levam o empresário para a Secretaria de Inteligência do Governo do Amazonas.

O empresário contou à polícia que é garimpeiro no Pará e que foi abordado por quatro homens armados dentro do seu avião. Depois, eles se identificaram como policiais, tiraram o ouro da mochila do empresário e colocaram em uma cuba de gelo, segundo o depoimento.

Quando chegaram na Seai, um dos policiais propôs um acordo. O empresário ofereceu 450 gramas de ouro à eles, que não foram aceitas. Flexa subiu a oferta para 840 gramas do ouro aos policiais, mas também não foi aceita. Com a recusa, o pagamento da propina ficou em um pouco mais de 1 kg de ouro.

Quando o empresário chegou em casa, ele descobriu que os policiais ficaram com 1,25 kg a mais do que foi acertado no acordo. Cerca de 2,4 kg do ouro. Ele então denunciou o caso para a polícia, após uma reunião com o Secretário de Segurança Pública da época, Louismar Bonates, a delegada geral Emilia Ferraz e o secretário da Seai, delegado Samir Freire.

Os agentes do órgão foram denunciados pelos crimes de extorsão, roubo e associação criminosa em um processo que investiga também extração ilegal de ouro.

A defesa de Samir Garzedim Freire informou que aguarda ser citada formalmente da denúncia oferecida pelo Ministério Público. Em nota, a SSP-AM disse que os alvos da referida operação foram afastados imediatamente de suas funções, no dia em que a operação foi deflagrada.

Eles estão respondendo a Processo Administrativo Disciplinar (PAD), no âmbito da Corregedoria Geral do Sistema de Segurança Pública, que visa apurar se os servidores reúnem condições de continuar na polícia ou serem demitidos do serviço público.

A Rede Amazônica tenta contato com os demais citados.

Investigações

O Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, que investiga o crime organizado, apura, pelo menos, cinco casos iguais ao do empresário Warner Flexa. Ao todo, os policiais são suspeitos de ficar com 60 kgs de ouro, o equivalente a R$ 18 milhões.

As investigações levaram à ação conjunta entre o Ministério Público e a Polícia Federal, realizada em julho, que resultaram na prisão de Freire e outros policiais civis por suspeita de envolvimento nos crimes. Na última semana, eles foram denunciados à Justiça por corrupção, associação criminosa, entre outros crimes, e respondem as acusações em liberdade.

De acordo com o Ministério Público, os policiais civis investigados foram seguranças ou trabalharam para empresários que negociavam ouro. Por isso, sabiam quando um carregamento chegava ou saía de Manaus.

Um dos locais preferidos para abordarem as vítimas era o aeroclube da cidade, onde os empresários deixavam os seus jatos particulares.

Mudança em depoimento

Segundo os promotores do MP, Wagner Flexa foi obrigado pelos suspeitos a mudar o seu depoimento. Depois de acusar e reconhecer os policiais que ficaram com o ouro dele, o garimpeiro procurou a Seai e disse que a situação não passava de um mal entendido.

Em 22 de junho, Flexa e seu advogado, Alacid Coelho Silva, prestaram depoimento no Gaeco e voltaram a afirmar que os policiais eram inocentes. Em seguida, foram até a Seai e entregaram o depoimento ao delegado Samir Freire.

Imagens de câmeras de segurança mostram que Flexa e seu advogado chegaram na Seai às 15h35. Segundo o Gaeco, após preencherem a ficha de cadastro, eles são anunciados e entram na sala do secretário Samir Freire. O secretário chegou na Seai, às 14h44, como mostram as imagens das câmeras de segurança.

Durante a operação que prendeu os policiais e o secretário, em julho, o depoimento de Flexa ao Ministério Público estava na gaveta de Samir Freire. O empresário e seu advogado foram denunciados pelo MP por fraude processual.

“Essa situação do Flexa ter prestado depoimento aqui e depois ter saído do prédio do MP para dar depoimento, para o delegado Samir, isso pra você representa um elemento a mais diante da própria imputação de que houve um acerto em relação a esse material, o depoimento que ele presta posteriormente e que ele teria encontrado, e que foi um mal entendido, para 2,4 kg”, disse o promotor do Gaeco, Armando Gurgel.

A Polícia Federal investiga a origem do ouro comercializado pelos empresários alvos de pedidos de propina. As investigações apontam que o material é ilegal, segundo o superintendente da Polícia Federal, Leandro Almada.

“Fosse ele legal, tivesse uma origem legal, não seriam alvo de ação criminosa por parte dos agentes públicos. Então a gente tem certeza que a maior parte desse ouro é ilegal. Temos informações que parte dele tem entrado no território brasileiro oriundo da Venezuela e boa parte deles fruto de extrações ilegais em áreas de garimpo”, informou.

Entenda o caso

No dia 9 de julho, a operação conjunta do Ministério Público e Polícia Federal prendeu o chefe da inteligência da SSP-AM, Samir Freire, e policiais civis. Além de quatro mandados de prisão, a equipe da operação realizou dez mandados de busca e apreensão na capital amazonense.

Segundo a investigação, Samir Freire e o grupo de policiais pediam dinheiro para liberar transportadores de cargas de ouro e ameaçavam empresários com flagrantes forjados. Pelo menos 60 quilos de ouro foram desviados.

No dia 14 de julho, a defesa de Samir Freire havia conseguido um Habeas Corpus no Tribunal de Justiça, reduzindo de 30 para 5 dias a prisão temporária dele, porém, o Ministério Público recorreu da liminar e o prazo inicial de 30 dias prevaleceu.

FONTE: Por G1 AM

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