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Universidade inicia apuração de denúncias de irregularidade administrativa contra professor suspeito de traficar órgãos à Ásia

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Comissão de Sindicância da UEA vai apurar denúncia contra professor suspeito de tráfico de órgãos humanos — Foto: Divulgação

Helder Bindá Pimenta foi afastado da universidade por 30 dias. Polícia Federal investiga envio de uma mão e três placentas plastinadas para um artista indonésio.

A Comissão de Sindicância da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) iniciou nesta quinta-feira (24) as atividades para apurar a denúncia de irregularidade administrativa contra o professor concursado da disciplina de Anatomia da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESA/UEA), Helder Bindá Pimenta.

O professor universitário é suspeito de traficar órgãos humanos de Manaus para Singapura, na Ásia. Quando o caso foi descoberto pela Polícia Federal, a defesa dele informou, por nota, que ele irá contribuir com as investigações. Ele foi afastado das funções na Universidade por 30 dias.

O reitor da UEA, Cleinaldo de Almeida Costa, pontuou que a medida é para obter respostas do ponto de vista institucional. “A Comissão é constituída por dois advogados e dois patologistas. São profissionais qualificados para avaliar o caso”, reiterou.

A presidente da Comissão de Sindicância e professora da UEA, Patricia Fortes Attademo Ferreira, informou que todo o processo correrá sob sigilo por parte da instituição. “Hoje vamos disponibilizar a ata de abertura da sindicância com as providências da Comissão para iniciar as oitivas e colher os depoimentos”, explicou.

Participaram da reunião da Comissão, o reitor da UEA, Cleinaldo de Almeida Costa, o procurador jurídico da UEA, David Xavier, os membros da Comissão, Tiago Novaes Pinheiro (docente vinculado à Escola Superior de Ciências da Saúde) e Antonio Eduardo Martinez Palhares (docente vinculado à Escola Superior de Ciências da Saúde), além do secretário da Comissão, Wandrey Cristiano de Jesus Vieira.

Segundo a defesa, o professor está à disposição das autoridades para prestar os devidos esclarecimentos sobre o caso. Em nota enviada ao g1, a defesa salientou ainda que o professor é apenas investigado em um processo que está na fase inicial, não havendo nenhuma condenação contra o mesmo.

A defesa também disse que apesar de estar afastado de suas funções de professor universitário, ele irá contribuir com a investigação e está à disposição das autoridades para prestar todo e qualquer esclarecimento.

Destinatário identificado

Na terça (22), a Polícia Federal disse que destinatário da mão e das placentas humanas era o artista indonésio Arnold Putra. O homem já causou polêmica nas redes sociais por produzir uma bolsa que tinha como alça uma coluna vertebral humana.

Artista é de Singapura.  — Foto: Reprodução/Instagram
Artista é de Singapura. — Foto: Reprodução/Instagram

De acordo com o delegado Igor de Souza Barros, que está à frente do caso, a Polícia Federal identificou que o homem é acostumado a receber encomendas desse tipo:

“Verificamos que esse destinatário já tinha indícios de recebimento de materiais humanos não só do Brasil, mas de outros lugares para fazer artesanato, adornos e peças”, explicou.

O homem, inclusive, já visitou a Amazônia em 2016. Na ocasião, ele disse que esteve em uma aldeia de índios yagua, no Vale do Javari, mas o grupo indígena se localiza próximo do município de Tabatinga, na fronteira com o Peru e a Colômbia.

Em uma rede social, o homem caçoou de índios, afirmando ter dado um presente falsificado para o chefe da tribo.

Foto foi tirada entre índios da etnia yaguas.  — Foto: Reprodução/Instagram
Foto foi tirada entre índios da etnia yaguas. — Foto: Reprodução/Instagram
Operação Plastina

A operação Plastina foi deflagrada na manhã dessa terça-feira (22). Segundo a PF, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão: um na UEA e outro na casa do professor suspeito do crime.

A operação também cumpriu um mandado de afastamento de função pública. Os documentos foram expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da SJAM. Em nota, a UEA informou que um professor concursado da disciplina de anatomia foi afastado por 30 dias por suspeita de traficar órgãos humanos, após ordem da Justiça Federal.

De acordo com a instituição, foi realizada busca e apreensão pela Polícia Federal de um computador e de peças anatômicas tratadas por meio de plastinação, utilizadas como prática de ensino da disciplina, no laboratório de anatomia.

O nome da operação da Polícia Federal é uma alusão ao procedimento utilizado pelo investigado para conservar os órgãos traficados. Segundo a investigação, o professor que enviou a mão e as placentas para o artista é especialista na técnica.

A plastinação é o procedimento técnico e moderno da preservação de matéria biológica, que consiste basicamente em extrair os líquidos corporais (água e soluções fixadoras) e os lipídios, através de métodos químicos, substituindo-os por resinas plásticas como silicone, poliéster e epóxi, resultando em tecidos secos, inodoros e duráveis.

FONTE: Por G1 AM

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