O calendário letivo de 29 escolas municipais da Zona Rural de Manaus vai até 17 de outubro, devido a vazante do Rio Negro. O processo é diferente das unidades de ensino localizadas em outras regiões da capital amazonense, que encerram em dezembro. A descida e a subida das águas é o que dita o calendário escolar.
As aulas dos estudantes ribeirinhos têm um calendário diferente, comandado pela subida e descida dos rios que ocorre em seis e seis meses. Como não há estradas na região, a única forma dos alunos chegarem a escola é por meio fluvial, no Barco Escola da Prefeitura de Manaus.
Manaus é banhada pelo Rio Negro. De dezembro a junho, ocorre a subida do rio e, a partir de julho, ele começa a descer. A diferença entre os níveis máximo e mínimo pode chegar a 16 metros.
O ano letivo começou em janeiro e só para em outubro, quando o rio está em estiagem e o transporte já não consegue levar os alunos para as proximidades da escola.
Para garantir os 200 dias letivos e 800 horas, exigidos por lei, não há recesso no meio do ano. Os alunos também precisam ter aulas durante alguns sábados.
“O Rio Negro já segue um calendário diferenciado por conta da vazante do rio. Nós temos aulas aos sábados de janeiro até agosto, sendo que assim nós podemos cumprir os 200 dias e as 800 horas exigidas”, disse a diretora da escola Canaã 2, Erika Araújo Souza.
Durante a cheia, o Barco Escola chega em um pequeno porto perto da instituição de ensino. Agora, durante a seca, a embarcação só vai até onde o rio chega, cerca de 3 km de distância do antigo porto.
Com a distância entre o antigo porto e o ponto que o barco deixa os alunos durante a vazante, os estudantes precisam passar pela floresta e fazer uma caminhada de uma hora. O percurso, em muitos casos, é acompanhado pelos pais, que precisam fazer o trajeto diversas vezes por dia.
“É muito difícil. Tenho que descer, subir, ai descer subir de novo. São quatro viagens por dia. De manhã e 11h, quando venho buscar eles”, relatou a mãe de três alunos, Maria do Socorro Peixoto Lopes.
FONTE:Por G1 AM /FOTO: ALTEMAR ALCANTARA/ARQUIVO/SEMCOM