Integrantes da base do governo de Jair Bolsonaro (PL) na Câmara dos Deputados já ensaiam formar um blocão suprapartidário para fazer oposição a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a partir de 2023.
A ideia é que deputados federais de partidos mais alinhados hoje ao presidente Bolsonaro se juntem para defender a continuidade das reformas tributária e administrativa, além de tentar manter vivas as chamadas pautas de costume como discurso da direita.
Os partidos que têm bancadas na Câmara ainda estão em conversas internas e com aliados de Lula para saber como proceder e quais as perspectivas de espaços no futuro governo petista. Portanto, as articulações estão apenas no início.
Mas, se o blocão realmente vingar, a intenção de seus articuladores é de que seja uma espécie de fiel da balança para pautas de interesse do futuro governo que precisem de ampla maioria de aprovação no plenário da Câmara, como Propostas de Emendas à Constituição (PECs).
A intenção é ainda se firmar como oposição aproveitando que há a perspectiva de o país contar com Executivo e Legislativo com discursos bem diferentes.
Atualmente um dos vice-líderes do governo Bolsonaro, o deputado federal Evair de Melo (PP-ES) afirmou que o bloco em articulação “não vai permitir nenhum retrocesso” em questões econômicas e buscará segurar qualquer mudança em relação ao aborto e à legalização das drogas que porventura vierem a ser propostas pelo futuro governo Lula.
Em princípio, porém, a tendência é que o grupo comece a atuar de forma mais pragmática.
O foco, neste início, é atrair deputados que foram reeleitos para criar um bloco de oposição que, no ano que vem, acolha os novos parlamentares que sejam contra o governo Lula. A meta é tentar convencer, por exemplo, deputados do PL, PP, Republicanos, União Brasil e PSC – partidos do centrão.
Novo governo
A equipe de transição de Lula, porém, não está parada e conversa com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e seus interlocutores para abertura de diálogo negociações. Lira é hoje o principal líder do centrão e, a depender de como o PT se comportará quanto ao seu futuro na presidência da Casa, pode fazer com que o centrão se dilua na oposição a Lula.
Isso porque há uma situação em que tanto Lira quanto o governo Lula, em tese, podem precisar um do outro para concretizar seus interesses: se reeleger ao comando da Câmara e garantir a governabilidade, respectivamente.
O assunto foi discutido durante encontro de representantes da coligação petista e a presidente do partido, Gleisi Hoffmann. Segundo participantes do encontro, a dirigente foi a interlocutora de mensagens de Lula e afirmou que não é intenção do Executivo interferir na eleição da Câmara e do Senado.
Gleisi também fez um apelo para que o grupo de aliados se dediquem a viabilizar um orçamento, para o próximo ano, que contemple as promessas de campanha de Lula.
FONTE: Por CNN