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Produção industrial cresce pelo 9º mês, mas desempenho é o pior desde abril

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Produção na Zona Franca de Manaus (foto) foi prejudicada em janeiro pelo agravamento da pandemia, interrompendo uma sequência de 8 meses de alta na fabricação de bens duráveis. — Foto: Divulgação/Secom
Em 12 meses indústria ainda acumula 4,3% de queda.

A indústria brasileira voltou a perder fôlego nesta começo de ano – apontando para uma recuperação difícil da economia. Dados divulgados nesta sexta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em janeiro, a produção industrial do país cresceu 0,4% na comparação com dezembro de 2020 e de 2% em relação a janeiro de 2020.

Foi a 9ª alta seguida na comparação mês contra mês imediatamente anterior – mas a menor taxa desde abril. Em 12 meses, o setor ainda acumula uma queda de 4,3%.

Indústria registrou nona taxa seguida de alta em janeiro, mas ritmo de crescimento vem desacelerando a cada mês — Foto: Economia/G1

Indústria registrou nona taxa seguida de alta em janeiro, mas ritmo de crescimento vem desacelerando a cada mês — Foto: Economia/G1

O resultado vem depois da indústria registrar queda pelo segundo ano seguido. Diante dos efeitos da pandemia, o setor fechou 2020 com um tombo de 4,5%.

De acordo com o IBGE, com os nove meses seguidos de alta, a indústria acumulou crescimento de 42,3%, eliminando a perda de 27,1% registrada entre março e abril, que havia levado a produção ao nível mais baixo da série.

“Mesmo com o comportamento positivo nos últimos meses, o setor industrial ainda se encontra 12,9% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011”, destacou o IBGE.

Setor desacelera a cada mês

O ritmo da produção industrial brasileira vem desacelerando mês após mês. Janeiro teve a taxa positiva menos intensa deste período e, conforme enfatizou o IBGE, o crescimento foi menos disseminado entre as atividades.

Duas das quatro das grandes categorias econômicas e 14 dos 26 ramos pesquisados registraram queda na produção, diferentemente dos meses anteriores, quando predominaram taxas positivas.

“Chama atenção neste mês a quantidade de ramos que ficaram no campo negativo, que foram maioria, um comportamento que não foi observado nos meses anteriores dessa sequência de nove meses de crescimento”, apontou o gerente da pesquisa, André Macedo.

Das quatro grandes atividades econômicas, bens de capital e bens de consumo semiduráveis e não duráveis tiveram alta de 4,5% e 2%, respectivamente. Já bens de consumo intermediários e bens de consumo duráveis tiveram queda respectiva de 1,3% e 0,7%.

O gerente da pesquisa destacou que bens de capital acompanhou o resultado geral e teve sua nona taxa positiva seguida. Com essa sequência, o patamar de produção desta categoria ficou 21,8% acima do registrado em fevereiro, pré-pandemia, mas ainda se encontra 21,19% abaixo do seu ponto mais alto, alcançado em setembro de 2013.

Já a queda de bens duráveis interrompeu uma sequência de oito taxas positivas seguidas. Esta categoria começou o ano 2,6% acima do patamar pré-pandemia, mas ainda 8,6% abaixo do ponto mais alto da produção, registrado e junho de 2013.

O patamar de bens de consumo semiduráveis e não duráveis ficou 1,6% acima do de fevereiro e 21,6% abaixo de junho de 2013, quando atingiu o seu pico de produção. Já o de bens intermediários ficou 2,7% acima do período pré-pandemia e 13,7% abaixo do pico, alcançado em fevereiro de 2011.

Fim do auxílio emergencial e avanço da pandemia

A perda de ritmo da produção industrial em janeiro tem efeito direto do fim do auxílio emergencial e do agravamento da pandemia, apontou o gerente da pesquisa.

“Como o que vinha sustentando o consumo, que era o auxilio emergencial, acabou em dezembro, isso também se refletiu nessa desaceleração da produção industrial em janeiro. Tem também efeitos importantes da intensificação da pandemia, especialmente no Amazonas”, destacou Macedo.

O pesquisador enfatizou, ainda, que a crise no mercado de trabalho “ainda longe de mostrar recuperação consistente” também pressiona negativamente a indústria, limitando o consumo.

Já a influência do agravamento da pandemia, segundo Macedo, pode ser percebida no resultado da produção de bens duráveis, que teve a primeira queda após oito meses seguidos de alta.

Esse recuo foi puxado, sobretudo, pela produção de eletrodomésticos da linha marrom e motocicletas, majoritariamente realizada na Zona Franca de Manaus, no Amazonas.

“A pandemia e os efeitos dela dentro daquele estado ficam muito evidentes neste mês por conta dos bens de consumo duráveis”, enfatizou.

Indústria alimentícia segura a alta do setor

De acordo com o IBGE, a principal influência positiva na indústria brasileira em janeiro foi a produção alimentícia, que avançou 3,1%, eliminando parte da redução de 11,0% acumulada nos três últimos meses de 2020.

Outras contribuições positivas importantes sobre o total da indústria vieram de indústrias extrativas (1,5%), de produtos diversos (14,9%), de celulose, papel e produtos de papel (4,4%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (1,0%) e de móveis (3,6%).

Por outro lado, entre as 14 atividades em queda, o principal impacto negativo partiu da metalurgia (-13,9%) que interrompeu seis meses seguidos de taxas positivas.

Também se destacam os resultados negativos na produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-10,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,4%), outros equipamentos de transporte (-16,0%), máquinas e equipamentos (-2,3%), produtos do fumo (-11,3%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-4,9%) e produtos têxteis (-2,5%).

Avanço na comparação com janeiro de 2020

Na comparação com janeiro do ano passado, a indústria avançou 2,0% com resultados positivos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 18 dos 26 ramos, 52 dos 79 grupos e 57,9% dos 805 produtos pesquisados. Vale citar que, em 2021, o mês de janeiro teve dois dias úteis (20 dias) a menos do que em 2020 (22).

Entre as atividades, as principais influências positivas foram de máquinas e equipamentos (17,7%), produtos de metal (12,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8%), produtos de minerais não-metálicos (11,5%) e produtos de borracha e de material plástico (9,5%).

Outros impactos positivos importantes vieram de outros produtos químicos (5,4%), de produtos têxteis (21,7%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (9,3%), de metalurgia (3,6%), de celulose, papel e produtos de papel (4,9%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (6,7%) e de couro, artigos para viagem e calçados (6,4%).

Por outro lado, ainda na comparação com janeiro de 2020, entre as oito atividades que apontaram redução na produção, produtos alimentícios (-5,5%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,5%) e outros equipamentos de transporte (-36,7%) exerceram as maiores influências negativas na formação da média da indústria.

Perspectivas

Pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que a confiança da indústria registrou, em janeiro, a primeira queda desde abril do ano passado.

Partiu da indústria o segundo maior impacto negativo sobre o Produto Interno Bruno (PIB), que despencou 4,1% em 2020. O setor teve queda de 3,5%, interrompendo dois anos seguidos de alta.

Essa foi a queda mais intensa da indústria no PIB desde 2016, quando havia recuado 4,6%.

Para 2021, os economistas do mercado financeiro estimam uma alta do PIB em 3,29%, conforme o último Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (1º).

FONTE: G1 RIO DE JANEIRO


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