Em 2014, ele era garçom em Búzios e recebia R$ 800. Nesta quarta, foi preso em mansão na Barra, com R$ 20 milhões em espécie, além de barras de ouro, um Porsche e um BMW. Segundo a investigação, ele movimentava bilhões, mas não aplicava em bitcoins, como prometia.
Até 2014, Glaidson Acácio dos Santos recebia pouco mais de R$ 800 como garçom, em um restaurante chique na Orla Bardot, em Búzios, Região dos Lagos. Em 7 anos, tornou-se milionário que movimentou pelo menos R$ 2 bilhões em uma empresa suspeita de aplicar o golpe conhecido como “pirâmide”.
A GAS Consultoria Bitcoin, empresa de Glaidson, prometia 10% de lucro em investimentos de clientes no mercado de criptomoeadas. Segundo a investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), que levou à prisão de Glaidson nesta quarta-feira, a firma nem chegava a investir em bitcoins – os lucros eram pagos aos clientes enquanto o dinheiro de outros entrava.
Casado com a venezuelana Mirelis Diaz Zerpa, Glaidson evita aparecer em público – exceto em eventos fechados com amigos. Num deles, gravado em vídeo ao qual a TV Globo teve acesso, ele celebrou o aniversário em Angra dos Reis em fevereiro, com um show particular do cantor sertanejo João Gabriel.
Com a GAS, Glaidson conseguiu ascensão e acumulou fortuna. Em abril desse ano, mais de R$ 7 milhões foram apreendidos em Búzios, balneário vizinho a Cabo Frio. O dinheiro estava em três malas e seria levado para São Paulo por um casal que trabalha para empresa dele.
Mansões, passeio de iate e R$ 20 milhões em dinheiro
A casa do empresário, em Cabo Frio, é avaliada em R$ 9 milhões, tem segurança e carros de luxo na porta.
Mas ele foi preso no Rio, em outra mansão. Lá, foram encontrados mais de R$ 20 milhões em dinheiro, e até barras de ouro. Um policial afirmou que não tinha visto tanta quantidade de dinheiro em espécie nem nas apreensões da Operação Lava Jato.
Além de reais, havia dólares e euros. Na garagem, foram achados um Porsche e uma BMW.
A GAS Consultoria Bitcoin, empresa de Glaidson, era investigada há dois anos. Em um depoimento à polícia, ele chegou a negar que mexesse com criptomoedas. Afirmou que atuava com inteligência artificial, tecnologia da informação e produção de softwares.
A aparição nas redes sociais da festa contrastava com a postura de Glaidson, que costumava manter a discrição. Ao contrário de outros investidores, ele não costumava expor os carros importados e sinais de riqueza nas redes sociais.
A GAS não tem site e nem rede social. O telefone disponível na Receita Federal também não funciona.
O que diz a defesa
No início da tarde, na porta da Superintendência da Polícia Federal do Rio, na Praça Mauá, o advogado de Glaidson deu entrevista.
“Foi uma surpresa. Não esperávamos isso, não tínhamos conhecimento de algum tipo de procedimento ou investigação que pudesse levar a tal situação. R$ 20 milhões é uma quantia exacerbada e alta. Mas não é uma quantia que você possa afirmar que é oriunda de prática criminosa. Ganhar dinheiro, ter R$ 20 milhões em casa, isso por si só não é um crime. A partir de agora, a gente vai ver qual vai ser o caminho a seguir e traçar”, disse o advogado Thiago Minagé.
FONTE: Por G1