Espaço deve ser gerenciado pela Arquidiocese de Manaus. Prédio está abandonado há mais de quatro anos.
O prédio onde funcionava a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa deve ser transformado em um espaço para serviços sociais, segundo a Prefeitura de Manaus. O espaço deve ser gerenciado pela Arquidiocese da capital.
A cadeia pública está desativada há mais de 4 anos. Na época em que deixou de sediar a unidade prisional, o prédio foi entregue para a Secretaria de Estado de Cultura (SEC), e deveria ser transformado em um centro cultural, projeto que não foi realizado.
A definição foi acertada em reunião nesta terça-feira (1º), com o arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner, o padre Danival Lopes, o secretário Sabá Reis, representando a prefeitura além do secretário de Cultura do Amazonas, Marcos Apolo.
“Vamos fazer as tratativas sobre o prédio da Cadeia na 7 de Setembro, que será objeto de um convênio em que o governador, junto com o arcebispo, vão celebrar, para que aquele prédio possa ter uma destinação social gerenciado e administrado pela Arquidiocese de Manaus. Esta é a terceira vez que tratamos deste assunto e logo será resolvido”, disse o secretário Sabá Reis.
Um grupo de trabalho com membros da Prefeitura de Manaus e do Governo do Amazonas será montado para as tratativas na transformação da antiga cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa, na avenida 7 de Setembro, no Centro de Manaus.
Segundo o secretário Marcos Apolo, futuramente, pode ser fechado uma parceria entre a Arquidiocese de Manaus e o Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro, como forma de gerar renda para a comunidade e que tudo dependerá do público e necessidade da igreja.
“Na conversa, ficou estabelecido que montaremos um grupo de trabalho para que possamos conversar sobre possíveis manutenções e obras a serem realizadas no local a fim de que o espaço possa futuramente servir de ponto de atendimento de projetos sociais”, disse.
Prédio abandonado há mais de quatro anos
Atualmente, a estrutura da Cadeia Pública permanece sem nenhum tipo de reforma. Ao g1, funcionários de uma empresa de segurança, que preferiram não se identificar, informaram que foram contratados há cerca de seis meses para fazer a vigilância do prédio, 24 horas por dia.
Segundo eles, o local havia se tornado abrigo para moradores de rua e alvo de pessoas que começaram a roubar estruturas de ferro do prédio, como uma parte das grades da frente da Cadeia Pública.
“Eles estavam roubando tudo aqui. Está tudo revirado e depenado aí dentro. Agora ficam quatro, em cada turno. Se não tivessem colocado a empresa aqui, já tinham levado todo o resto dessa grade aqui”, disse um segurança que preferiu não se identificar.
Após a última desativação do prédio, em 2017, ele foi entregue para a SEC, que informou que o espaço seria restaurado para abrigar o Centro de Cultura Popular.
O secretário da SEC na ocasião, Denilson Novo, informou que já existiam plantas e um modelo arquitetônico para o Centro. Apesar do anúncio, o prédio nunca foi revitalizado para receber o Centro de Cultura.
Cadeia Pública ao longo dos anos
Inicialmente com o nome de Casa de Detenção de Manaus, a Cadeia Pública teve sua construção iniciada em 1904 e concluída em 1906, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
O prédio foi construído em estilo colonial, com uma área de 15 mil metros quadrados. A inauguração aconteceu em 19 de março de 1907.
Em 14 de junho de 1988, foi determinado o tombamento do prédio como Monumento Histórico do Estado do Amazonas.
Ao longo dos mais de 100 anos de história, o prédio onde o presídio funcionava passou por cinco denominações, antes de ser oficializada como Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, em 1999.
Durante sua existência, a Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa foi palco para fuga de detentos e até rebeliões e mortes. Por duas vezes, o prédio foi desativado por falta de estrutura para abrigar os presidiários.
A primeira desativação da Cadeia Pública aconteceu em 2016, por recomendação do Conselho Nacional de Justiça, devido a falta de estrutura. No ano seguinte, o local voltou a receber presos após um massacre de detentos ocorrido em outras unidades prisionais.
Na ocasião, 284 presos transferidos de presídios do Amazonas para a cadeia pública, que já estava desativada, por “medidas de segurança”. A intenção do governo era de isolar os membros de duas facções criminosas para evitar novos ataques.
A medida não teve efeito e, no dia 8 de janeiro de 2017, quatro detentos foram mortos, seis tiveram ferimentos leves e outros dois fugiram durante uma rebelião na Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa.
O prédio continuou a abrigar detentos até maio daquele ano, quando 162 presos que estavam na unidade foram transferidos para o Centro de Detenção Provisório 2. Nos meses seguintes, o prédio passou a ser abrigo para moradores de rua e usuários de drogas.
FONTE: Por G1 AM