Christine Dawood, cujo marido Shahzada e filho Suleman morreram a bordo do submersível Titan, revelou que pretendia participar da expedição condenada, mas abdicou do lugar para que seu filho pudesse ir.
A família planejava uma viagem no submersível Titan há algum tempo, disse Dawood à BBC em sua primeira entrevista desde a tragédia, mas foi adiada pela pandemia de Covid-19.
Ela havia planejado originalmente fazer a viagem com o marido porque Suleman era muito jovem na época. “Então eu deixei para Suleman porque ele queria mesmo ir. Fiquei muito feliz por eles porque os dois realmente queriam fazer isso por muito tempo”, disse Dawood.
Questionada sobre como se sentia agora com o filho tomando seu lugar no submersível, Dawood se recusou a responder.
Ela também disse à BBC que o jovem de 19 anos era um obcecado pelo cubo mágico de Rubik e que ele conseguia resolver o quebra-cabeça em 12 segundos. O jovem levou o brinquedo com ele no Titan. “Suleman não ia a lugar nenhum sem seu cubo de Rubik”, disse Dawood.
“Ele disse: ‘Vou resolver o cubo de Rubik 3.700 metros abaixo do nível mar, no Titanic‘. Ele estava tão empolgado com isso”, disse Dawood, descrevendo como Suleman aprendeu sozinho a resolver o quebra-cabeça vendo vídeos do YouTube.
Dawood também falou sobre como conheceu o marido Shahzada na universidade e lembrou como sua grande curiosidade sobre o mundo fazia com que a família assistisse a documentários juntos. “Ele tinha essa capacidade de empolgação como uma criança”, disse ela.
Dawood falou sobre o momento em que aqueles a bordo do navio de apoio Polar Prince – incluindo ela e sua filha de 17 anos, Alina – foram informados de que a equipe não conseguia mais se comunicar com o Titan.
“Eu não compreendi naquele momento o que isso significava – e então tudo piorou a partir daí”, disse ela.
Todos pensaram que o submersível emergiria, acrescentou Dawood. “Havia muita esperança”, disse ela. “Acho que perdi a esperança quando passamos da marca de 96 horas”, disse Dawood, acrescentando que naquele momento ela enviou uma mensagem para sua família.
“Eu disse: ‘Estou me preparando para o pior’. Foi quando perdi a esperança”, disse ela.
Quanto ao que acontece agora, Dawood disse que duvidava que ela e Alina fossem capazes de encontrar um desfecho. “Existe algo assim? Não sei”, disse ela.
No entanto, a dupla prometeu aprender a resolver o cubo de Rubik, acrescentou ela. “Prometemos a nós mesmos que aprenderíamos para Suleman”, disse Dawood.
A família também trabalhará para continuar o trabalho de Shahzada.
“Ele esteve envolvido em tantas coisas, ajudou tantas pessoas e acho que realmente quero continuar esse legado e dar a ele essa plataforma… É muito importante para minha filha também”, disse ela.
“Sinto falta deles”, acrescentou. “Eu realmente sinto falta deles”.
Os Dawoods são de uma importante família de empresários paquistaneses. A empresa deles, Dawood Hercules Corp., está entre as maiores empresas do país, com um portfólio que abrange energia, petroquímica, fertilizantes, tecnologia da informação e alimentos e agricultura.
Shahzada e Suleman se juntaram a uma viagem a bordo do submersível Titan – aproximadamente do tamanho de uma minivan – para observar os destroços do transatlântico Titanic, que fica a cerca de 3.800 metros abaixo da superfície no Atlântico Norte.
O submersível desapareceu em 18 de junho, cerca de 1 hora e 45 minutos depois de descer para explorar os destroços. Na quinta-feira (22), os destroços do submarino foram encontrados por equipes de busca, indicando que a embarcação havia sofrido uma implosão catastrófica, matando todas as cinco pessoas a bordo.
FONTE: Por CNN