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Dissidente chinês viaja centenas de quilômetros em moto aquática até a Coreia do Sul

Homem foi preso em 16 de agosto perto de Incheon, na costa oeste da Coreia do Sul, informou a guarda costeira

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Suposto dissidente chinês viajou centenas de quilômetros até a Coreia do Sul Incheon Coast Guard

Um piloto de moto aquática detido pela Coreia do Sul por supostamente entrar no país ilegalmente é um dissidente chinês que viajou centenas de quilômetros pelo mar para escapar da China, disseram ativistas.

O homem, que tem cerca de 30 anos, foi preso em 16 de agosto perto de Incheon, na costa oeste da Coreia do Sul, disse a guarda costeira de Incheon em um comunicado à imprensa no domingo (20).

Ele é suspeito de viajar da província de Shandong, no leste da China, que fica a cerca de 400 quilômetros do Mar Amarelo de Incheon. Carregando apenas um capacete, binóculos e uma bússola, o homem também amarrou cinco tanques de combustível de 25 litros à moto aquática.

Ao chegar à Coreia do Sul, ele ficou preso na costa e teve que ligar para uma linha de emergência para pedir ajuda, disse o comunicado. O homem foi então levado sob custódia e o caso foi enviado aos promotores de Incheon na terça-feira (22), disse a guarda costeira à CNN.

As autoridades sul-coreanas não revelaram o nome do homem e a CNN não pode verificar de forma independente a sua identidade.

A Dialogue China, uma organização fundada por ativistas chineses que trabalha em estreita colaboração com outros dissidentes, disse que o homem detido é o ativista chinês Kwon Pyong.

Kwon, que frequentou a Iowa State University, nos Estados Unidos, antes de retornar à China, é crítico do governo autoritário e da censura. Ele se manifestou contra as violações dos direitos humanos nas redes sociais e participou dos protestos pró-democracia de Hong Kong em 2014, segundo a organização de direitos humanos Freedom House.

Em agosto de 2016, ele postou nas redes sociais uma foto sua vestindo uma camiseta impressa com vários nomes em referência ao líder chinês Xi Jinping, incluindo “Xitler”. O post não está mais disponível.

Um mês depois, ele foi detido pela polícia e indiciado por seus comentários nas redes sociais. Seus advogados foram demitidos pelas autoridades chinesas dias antes do início de seu julgamento, informou a Freedom House.

Uma declaração do tribunal chinês de 2020 referiu-se ao caso de Kwon, dizendo que ele havia sido julgado por incitar a subversão do poder do Estado.

Lee Dae-seon, um ativista que trabalha com a Dialogue China e baseado na Coreia do Sul, disse que Kwon foi condenado à prisão e libertado em março de 2019. Os dois mantinham contato desde agosto de 2019, com Kwon expressando sua intenção de buscar asilo no exterior.

“Kwon me disse que estava pronto para deixar a China e que iria para a Coreia do Sul, mas eu não sabia como ele viria”, disse Lee.

“Ele me ligou no dia 16 de agosto assim que foi levado pela guarda costeira e fui vê-lo ontem”, disse Lee à CNN nesta quarta-feira (23). “Ele quer ir para um terceiro país. Ele foi para a Iowa State University, então fala inglês. Ele quer ir para um país de língua inglesa.”

“A culpa foi dele por violar a lei de imigração, mas ele não teve escolha a não ser cometer uma ação desesperada devido à investigação política das autoridades chinesas, processo de julgamento injusto e vigilância”, completou.

A China intensificou gradualmente a censura às mídias sociais e outras plataformas online nos últimos anos, sob o governo de Xi Jinping.

A garantia de um terceiro mandato histórico, juntamente com a estrita política de Covid zero do país e bloqueios, provocou demonstrações sem precedentes de fúria e protestos em massa no ano passado – aos quais as autoridades responderam com uma repressão abrangente, incluindo o aumento da vigilância e a detenção de manifestantes por meses.

FONTE: Por CNN

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